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Diário de Nova York

o mapa da cultura

Efeito dominó

Como os imóveis, o futebol está em alta

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES

Uma longa fila se forma nos fins de semana à porta da Domino Sugar, uma antiga refinaria de açúcar, no bairro do Brooklyn, próxima à ponte de Williamsburg. A marca Domino é uma das mais conhecidas dos Estados Unidos e continua a ser vendida nas prateleiras dos supermercados, mas as antigas instalações --que por volta de 1870 processavam metade do açúcar consumido no país-- foram desativadas em 2004.

Um grupo adquiriu o complexo --muito bonito, com chaminés e a característica arquitetura de tijolinhos-- e vai erguer na área mais um conjunto de prédios moderninhos com vista para Manhattan.

A sede principal foi preservada como "landmark" da cidade, mas a destruição de outras edificações da planta original e o avanço imobiliário despertaram protestos. Criou-se então um movimento chamado Save Domino (salvem a Domino), que pretende deter o projeto atual e substituí-lo por outro.

Até o dia 6 de julho, a Domino Sugar recebe muitos visitantes nos fins de semana para ver uma instalação de Kara Walker, artista americana de 44 anos, negra, cuja obra tematiza a situação dos afro-americanos em seu país.

A obra principal é uma esfinge com feições caricaturais de uma mulher negra, erguida dentro da fábrica. A escultura, colossal, foi feita com toneladas de açúcar, doadas pela própria Domino. A esfinge, toda branca, tem provocado polêmicas.

GENTRIFICAÇÃO

Os esforços do movimento Save Domino para barrar os espigões parecem fadados ao fracasso, pois os prédios já foram aprovados e vão subir. O novo prefeito de Nova York, Bill de Blasio, que assumiu em janeiro, defendeu durante sua campanha a ampliação da oferta de residências com custos moderados, numa cidade em que a elevação dos preços dos imóveis e aluguéis tem expulsado muita gente para longe, num processo contínuo de gentrificação.

Uma maneira de alcançar esse objetivo, já praticada desde antes da posse do democrata, é impor condições para a aprovação dos projetos de novos prédios.

No caso dos edifícios da Domino Sugar, a imobiliária terá de oferecer 700 das 2.200 unidades com aluguel a preços abaixo dos de mercado. Em contrapartida, poderá construir acima do gabarito --chegando a 55 andares.

O empreendimento é mais um a ocupar as margens do East River, que deixa para trás seu passado industrial. Edifícios espelhados já tomaram conta de boa parte da orla de Williamsburg, um bairro que há anos reunia imigrantes poloneses e passou a ser procurado por artistas, músicos, fotógrafos. A velha história: a vizinhança tornou-se um "point", atraiu a classe média, e os preços estão em alta.

Processo semelhante vem ocorrendo no Queens e em outros lugares do Brooklyn, como Bushwick e Red Hook. E também no Harlem.

WORLD CUP

Americanos sabem que são os melhores em muita coisa, mas não no futebol. Algum interesse pelo "soccer" existe mesmo assim e parece ter aumentado desde que os Estados Unidos foram sede da Copa, em 1994. A seleção do país participa regularmente dos Mundiais, e eles sabem que o futebol é o esporte mais popular do mundo. Nova York, com um terço de hispânicos em sua população, e mais um punhado de árabes, asiáticos e imigrantes do Leste Europeu, se preparou para a festa.

Além de bares decorados com bandeirinhas fazerem promoções para atrair gente interessada em acompanhar os jogos pela TV, a mídia tem dado bastante destaque à competição este ano.

ARTE BRASILEIRA

Depois da temporada de inauguração de exposições de artistas brasileiros na cidade --que aconteceu entre abril e maio, com a retrospectiva de Lygia Clark no MoMA ocupando o centro das atenções--, o Guggenheim recebe a partir deste fim de semana uma grande mostra de arte contemporânea latino-americana.

Com curadoria de Pablo León de la Barra, "Under the Same Sun" (sob o mesmo Sol) reúne 37 artistas. Entre eles, os brasileiros Erika Verzutti, Rivane Neuenschwander, Tamar Guimarães, Jonathas de Andrade e Adriano Costa.


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