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Diário de Los Angeles

O MAPA DA CULTURA

As retas da Rota 66

A estrada-mãe e outros labirintos literários

FERNANDA EZABELLA

A MÃE DE todas as estradas, a rua principal dos Estados Unidos, a sangrenta 66: todos os apelidos e histórias da Rota 66 estão numa exposição em cartaz até janeiro no Autry National Center, museu dedicado à cultura do Oeste norte-americano, localizado em frente ao zoológico de Los Angeles.

O manuscrito original de "On The Road" (1951), de Jack Kerouac, está lá, num rolo de 36 metros deitado numa vitrine. Mas toda a mitologia da estrada remonta de muito antes da chegada dos beatniks, quando tempestades de areia tomavam o Meio Oeste do país nos anos 1930, afugentando mais de 200 mil trabalhadores rurais para a Califórnia, através da Rota 66.

O período ficou imortalizado no livro "As Vinhas da Ira" (1938), de John Steinbeck, cujo manuscrito está também em exibição. Há fotografias tiradas por Dorothea Lange de refugiados pedindo carona em Oklahoma, além do violão e das canções folk de Woody Guthrie, que compôs "Dust Bowl Ballads" (1940) ao ir do Texas à Costa Oeste.

"Não era uma viagem agradável, um passeio hipster, como Keroauc escreveu, ou uma estrada mítica, como pensam os europeus. Era um caminho necessário e difícil", diz o escritor americano Louis Owens num vídeo.

A Rota 66 começou a ser construída em 1926, atravessando oito Estados, de Chicago a Los Angeles. Seu declínio teve início em 1956, com o anúncio de um novo sistema de autoestradas. A clássica série de fotos de postos de gasolina feitas por Ed Ruscha em 1962 ganha destaque na mostra, ao lado de imagens tiradas três décadas após por Jeff Brouws. Nenhum dos postos estava mais em funcionamento.

A ÚLTIMA LIVRARIA
O nome era para ser uma ironia e acabou virando profecia. The Last Bookstore (a última livraria) começou em 2005 e é hoje a maior livraria independente da Califórnia, num gigantesco espaço no centrão da cidade, num prédio que funcionou como banco e ainda mantém seu cofre (hoje dedicado a livros de ficção científica).

O clima é de sebo, com livros e discos novos, usados e raros, além de lançamentos. No mezanino, há um labirinto de livros, cerca de 10 mil deles a US$ 1 cada, com direito a um túnel de publicações empilhadas e prateleiras organizadas por cores. "É um lugar glorioso, borgiano, louco", descreveu o escritor William Gibson via Twitter.

O melhor dia para visitar a The Last Bookstore é a primeira segunda do mês, quando acontece o Speakeasy, espécie de noite de talentos conhecida como "open mic" (microfone aberto). É só colocar seu nome na lista e esperar ser chamado para subir ao palco e falar por cronometrados sete minutos. "A ideia veio de anos e anos tentando se ajustar a um mundo que muitas vezes nos recebe com crueldade, mas tendo coragem e humor de compartilhar com outras pessoas triunfos e trabalhos na esperança de aprendermos algo juntos", diz a organizadora do evento, a escritora Arianna Basco.

Anthony Booth, 19, é um dos frequentadores. Na última edição, apresentou seu poema feito com 40 mensagens da sorte tiradas de chocolates. "Quero fazer meu nome e aqui sinto que posso libertar minha mente", disse.

SOCCER
Os bares da cidade têm lotado com os jogos da Copa da Mundo na hora do almoço e nos finais de semana. O Cat and Fiddle Pub, em Hollywood, tem um espaço ao ar livre com dois telões e uma sala fechada para exibir as partidas. Os americanos compareceram em peso nas partidas de sua seleção contra Portugal e Bélgica.

O time de Klinsmann foi eliminado, mas o público continua grande em bares como o Barbarella, em Silverlake, com menu especial que inclui bolinho de arroz e cerveja brasileira Xingu a US$ 5.

NOS PASSOS DE BUKOWSKI
O tour Charles Bukowski, que já foi tema desta seção, está de volta, no próximo dia 27. Organizado pela empresa de turismo Esotouric, o passeio de ônibus começa na agência dos Correios onde ele trabalhou e que inspirou seu primeiro romance, "Cartas na Rua" (1971), e termina na sua loja de bebidas favoritas, em Hollywood. Nos dias 19 de julho e 9 de agosto, a mesma companhia segue os passos do músico Tom Waits e do autor Raymond Chandler, respectivamente. Cada evento leva quatro horas e custa entre US$ 58 e US$ 63.


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