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Imaginação PROSA, POESIA e TRADUÇÃO Balada da Brigada Ligeira e um poema de Mallarmé ALFRED TENNYSON tradução ALEXEI BUENO Uma légua, e uma outra légua E ainda outra, em frente, Todos no Vale da Morte Vão os seiscentos. "Adiante, adiante, Brigada! Contra as armas" é a ordem dada: Dentro do Vale da Morte Vão os seiscentos. "Além, Brigada Ligeira!" Qual de tal ordem se esgueira? Soldado algum se desvia Dos feitos cruentos: Não têm o que responder, Nada têm para dizer, Eles só têm que morrer: Dentro do Vale da Morte Vão os seiscentos. Canhões à direita deles, Canhões à esquerda deles, Canhões bem defronte a eles Cuspindo, odientos; Balas e bombas tragando, Foram além, galopando, Direto aos dentes da Morte, Na boca infernal entrando Vão os seiscentos. Brilharam seus sabres no ar, Luzindo a revolutear, Já a artilharia a golpear, Todo um exército, proeza Que voou nos ventos: Mergulhados na fumaça Dos canhões, rompem sem jaça Os russos e os cossacos Que cada sabrada espaça Tontos, sangrentos. Então eles fogem, mas Não os seiscentos. Canhões à direita deles, Canhões à esquerda deles, Canhões bem nas costas deles Cuspindo, odientos; A bomba e bala crivados, Cavalo e herói derrubados, Eles, na luta exaltados, Vieram da boca da Morte, Do Inferno cruel resgatados, Os restos que havia deles, Deles, seiscentos. Quem de sua glória se abeira? Que ato o seu! A terra inteira Espalha-o aos ventos. Honra à sua carga altaneira! Honra à Brigada Ligeira, Nobres seiscentos! STÉPHANE MALLARMÉ tradução ALEXEI BUENO À SÓ TENÇÃO DE IR EM VIAGEM À só tenção de ir em viagem Além de uma Índia ingente e turva -Que seja este brinde a mensagem Do tempo, onde a tua popa é a curva Como a uma verga sobre as ondas Mergulhante com a caravela Sempre espumava uma ave em rondas Da anunciação nova que a vela A gritar monotonamente Sem que o timão mude a sua via Uma jazida inconsistente Noite, aflição e pedraria Por seu canto onde se recama O sorrir do pálido Gama. SOBRE OS POEMAS Estas duas traduções inéditas integram "Cinco Séculos de Poesia", volume de poesia traduzida que o poeta e tradutor carioca Alexei Bueno deverá lançar neste ano, pela editora Record. Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros |
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