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Diário de Los Angeles

O MAPA DA CULTURA

Boliche de livros

E as experiências de Fitzgerald e Parker

FERNANDA EZABELLA

Silêncio na pista de dança. O globo de luz brilha sobre os mais de cem convidados numa boate, todos sentados em fileiras de cadeiras brancas. Chiwan Choi está sobre o palco, ao microfone, com um copo de uísque na mão. Ele limpa a garganta e começa sua apresentação: por sete minutos, lê um trecho de seu novo romance.

Num sofá, aos fundos, três jurados tomam notas. Afinal, este não é um sarau qualquer, e sim uma edição do Literary Death Match (jogo mortal literário).

Seu criador e apresentador, Todd Zuniga, observa a performance segurando uma bazuca de brinquedo. Quando algum autor ultrapassa os sete minutos estipulados, é atingido por um dardo de papel, antes de ser aplaudido com entusiasmo.

"Hollywood Hills, sofá de couro... Ok, Chiwan, nós já entendemos, você é um poeta rico", ironiza um dos jurados.

Outros três escritores sobem ao palco e disputam entre si os elogios do júri. Ao final, dois finalistas concorrem ao primeiro lugar com brincadeiras improvisadas, como um boliche de livros, incluindo o difícil de derrubar "Liberdade" e o levinho "A Metamorfose".

O vencedor da noite é DC Pierson, um cabeludo loiro com pinta de hippie, que havia lido seus poemas em forma de rap. O Literary Death Match já passou por Paris, Nova York e Pequim. Neste ano, tornou-se um evento mensal em Los Angeles.

"É um sonho fazer no Brasil, mas ainda não achei os organizadores certos", afirma Zuniga. "Outro sonho seria ter Vik Muniz entre os jurados. É meu artista favorito."

FITZGERALD EM HOLLYWOOD

As experiências tumultuadas dos escritores F. Scott Fitzgerald (1896-1940) e Dorothy Parker (1893-1967) com os estúdios durante suas passagens por Hollywood, na primeira metade do século passado, serão tema de um jantar-evento em 23 de julho, no histórico restaurante Musso & Frank.

Por US$ 100 (cerca de R$ 200), o participante terá direito a uma refeição de quatro pratos. Dois especialistas na história literária de Los Angeles falarão sobre as dificuldades e recompensas que autores de prestígio, como Fitzgerald e Parker, tinham ao trabalhar no lucrativo negócio do cinema, sofrendo com a ideia de que estavam comprometendo seus talentos.

Enquanto Fitzgerald tinha fama de não conseguir transportar sua prosa elaborada para as telas, Parker foi indicada duas vezes ao Oscar, pelos roteiros de "Nasce uma Estrela" (1937) e "Smash-Up: The Story of a Woman"(1947). Sua carreira cinematográfica, no entanto, foi abreviada ao entrar na lista negra dos anticomunistas.

Organizado pela Associação dos Visionários de Los Angeles, o salão é trimestral e celebra autores que frequentavam o restaurante mais antigo de Hollywood.

'DON GIOVANNI' DO FUTURO

A ópera "Don Giovanni" ganhou releitura modernosa com apresentações lotadas no Disney Hall no final de maio, com figurinos das irmãs estilistas Kate e Laura Mulleavy, da Rodarte, e estranhos cenários criados por Frank Gehry, o mesmo arquiteto da sala de concertos, cartão-postal da cidade.

Gustavo Dudamel, diretor musical da Filarmônica de Los Angeles desde 2009, liderou pela primeira vez nos EUA a orquestra numa ópera encenada, com seus músicos sentados no coral, um pouco acima das instalações de Gehry, como grandes pedaços de papel branco amassados.

Mark Swed, crítico musical do "Los Angeles Times", escreveu que as formas abstratas do cenário "são uma interessante metáfora para os personagens desta complicada trama".

A ópera, dirigida por Christopher Alden, é a primeira de três apresentações dedicadas a Mozart, que acontecerão nas próximas temporadas com outros artistas convidados. Veja uma galeria de fotos da montagem em folha.com/no1098135.

FESTA DO BIGODE

Uma confraria de jovens bigodudos e barbados organiza, no próximo dia 24 de junho, a segunda edição da competição de barba e bigode da cidade, com categorias como "estilo livre", "executivo" e "natural".

A festa será no teatro Belasco, com cem competidores e público esperado de mil pessoas. Haverá música ao vivo, vendedores de parafernália de barbearia e "food trucks" (restaurantes móveis instalados em caminhões).

Os ingressos variam de US$ 15 (plateia) a US$ 25 (competidores).

"Temos de 30 a 40 frequentadores assíduos em nossos encontros e competições. Fizemos bonito na Noruega e neste ano vamos competir na Alemanha", diz John Myatt, presidente do Los Angeles Beard and Mustache Club, criado em 2010 (labeardcomp.com).

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