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Diário de Londres

O MAPA DA CULTURA

Imagina na Olimpíada

O caos previsto não aconteceu

RODRIGO RUSSO

Por meses, os britânicos se prepararam para o pior. Anúncios nas estações de metrô indicavam que os dias olímpicos seriam conturbados e que melhor seria evitar o uso de algumas estações.

Ir de carro à região central de Londres, então, nem pensar, já que a faixa de trânsito dedicada exclusivamente aos Jogos Olímpicos tornaria a viagem um pesadelo.

Empresas prepararam planos para funcionar com os trabalhadores em casa, em esquema on-line, conforme sugestão de políticos. Até mesmo o jornal que assino enviou e-mail pedindo desculpas se porventura não conseguissem entregar meu exemplar diário.

Com uma semana de Olimpíada, a capital inglesa está longe do caos previsto. Um pouco pelo excesso de fatalismo, um pouco pela boa campanha de comunicação do comitê organizador e, por fim, um pouco pelo sumiço de turistas avessos à agitação esportiva.

O "Financial Times" declarou que o centro de Londres é uma "cidade fantasma" e que prejuízos são sentidos por teatros do West End, museus e empresas de ônibus de dois andares turísticos.

Embora a cidade inteira esteja enfeitada para os Jogos Olímpicos, a região leste, que recebe a competição, é onde mais se nota o clima festivo.

No oeste, mais tradicional, tem-se a impressão de que o jubileu de diamante da rainha Elizabeth 2ª, em junho, causou maior comoção.

ÁRABES NAS ARENAS

Coincidindo com a primeira Olimpíada em que uma delegação da Árabia Saudita tem representantes femininas, a galeria da casa de leilões Sotheby's recebe uma mostra de fotos da francesa Brigitte Lacombe, com mais de 50 mulheres árabes, de 20 países, em competições esportivas.

A exposição leva o nome de "Hey'Ya", mas qualquer semelhança com o pegajoso hit do início dos anos 2000 de mesmo nome, da dupla Outkast, é mera coincidência. A expressão, em árabe, significa "vamos lá".

Lacombe trabalhou por sete meses no projeto, que fica em cartaz até o próximo sábado e usa como modelos de amadoras a atletas que concorrem nos Jogos. Lacombe registrou muitas das imagens no ano passado durante os Jogos Árabes, em Doha -a autoridade de museus do Qatar patrocina a exposição.

O GUIA DO PERDEDOR

A Olimpíada é período fértil para demonstrações de como "transformar suor em ouro", para usar a expressão do técnico brasileiro Bernardinho, e de atletas que juram que o foco no resultado positivo é seu grande trunfo.

Cansado da profusão de declarações e livros sobre as maravilhas do pensamento positivo, o escritor e jornalista Oliver Burkeman lançou recentemente o elogiado "O Antídoto - Felicidade para Pessoas que Não Aguentam Pensamento Positivo".

Para Burkeman, sucessos como "O Segredo" são simplistas e enganadores por não mostrar que fracassar, como todos sabemos, faz parte da vida.

O autor, além de desmontar argumentos centrais da escola do "querer é poder", toma emprestadas noções do budismo e de outras correntes filosóficas para o leitor não se sentir tão frustrado por não alcançar suas metas -e até mesmo para deixar de traçá-las.

Uma de suas principais ferramentas nesse caminho negativo para a felicidade é o estoicismo. Partir sempre do princípio de que tudo pode dar errado e aceitar a insegurança do dia a dia são algumas das armas de Burkeman, para quem ser um perdedor não tem nenhum problema.

Um bom trecho do livro, publicado no "Guardian", pode ser conferido em bit.ly/oantidoto.

UM POUQUINHO DE BRASIL

Como sede da próxima Olimpíada, em 2016, o Brasil está em evidência no circuito artístico e cultural de Londres. Na semana passada, encerrou-se a Rio Occupation London, que trouxe para a cidade 30 jovens artistas brasileiros em uma temporada de 30 dias.

No próximo dia 13, o prestigioso Victoria and Albert Museum, que fica na nobre região de South Kensington, abrirá exposição gratuita sobre o trabalho do brasileiro Arthur Bispo do Rosário (1909-89).

Bispo do Rosário começou a explorar a arte depois de ser internado em um hospital psiquiátrico, em 1938, no qual permaneceu até morrer e onde teve prolífica produção, com mais de 800 obras.

Todos os trabalhos em exposição em Londres, como tapeçarias, esculturas e peças de roupa, pertencem ao Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, com sede no prédio do hospital psiquiátrico que abrigou o artista.

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