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Diário de Moscou

O MAPA DA CULTURA

Solo com ginga

A seleção brasileira no balé do Bolshoi

MARINA DARMAROS

bastou um ano na Rússia, completado no último 6 de setembro, para que a bailarina brasileira Bruna Gaglianone Catanhede, 21, estreasse como solista no Teatro Bolshoi de Moscou, no espetáculo "Joias", de George Balachine. No palco principal, ela brilhou em "Diamonds", terceiro ato do balé, com música de Tchaikovsky.

"Fiquei nervosa, mas só antes. Na hora, estava confiante", disse ela à Folha. Bruna não é a única brasileira no Bolshoi -Mariana Gomes, há sete anos no corpo de baile do teatro, esteve com ela no "pas de trois" do espetáculo.

Às duas soma-se ainda o brasileiro Erick Swolkin, namorado de Bruna. Os dois foram contratados juntos em 2011, após mandarem vídeos para a primeira seleção aberta internacionalmente pelo teatro.

A invasão verde-amarela em um dos mais conceituados balés do mundo se explica, em parte, pelo convênio que a instituição mantém com a escola de dança de Joinville que leva o mesmo nome.

"Quero dançar, dançar, dançar, não importa o papel. É claro que os solos são consequência disso, o que é sempre bom", diz Bruna. "Espero que esse seja só o primeiro."

CINEBOICOTE

Críticos, jornalistas e espectadores russos boicotaram a Semana de Filmes Iranianos em Moscou. Protestaram, na última segunda, em frente ao cinema Khudojestveni, local da abertura do evento.

Parceria entre o Ministério da Cultura russo e a Embaixada da República do Irã no país, a mostra conta com apenas cinco filmes.

O principal convidado é o "odioso" -como qualifica carta dos inconformados- Parviz Sheikh Tadi. Seu filme "Saturday's Hunter", de 2009, "incomodou, com seu antissemitismo animalesco, até membros do Parlamento iraniano".

"Os filmes exibidos nesse festival não entraram em Cannes, Veneza ou Berlim, não chegaram perto do Oscar e, presume-se, não entrarão em cartaz nos cinemas. Espera-se que para o bem dos espectadores!", escreveu o crítico Anton Dolin, idealizador da ação.

Desapontados com a ausência do trabalho de Abbas Kiarostami, censurado no próprio país, e ainda de Marjane Satrapi e Mohsen Makhmalbaf, exilados na França, os cinéfilos fixaram como maior meta a libertação de Jafar Panahi.

O diretor está preso desde 2010, condenado a seis anos e proibido de dirigir filmes, conceder entrevistas ou sair do país por 20 anos.

HIPERTROFIA DOS DEUSES

Em tempos perigosos mesmo para a arte laica na Rússia, o coletivo AES+F acaba de inaugurar sua provocativa exposição "Trilogia", em plena praça Manej, bem em frente à praça Vermelha.

A arte multimídia do quarteto russo mistura o brega ao épicos, Beethoven, fotografia de moda, computação gráfica e vídeos.

Na nova exposição, as instalações de vídeo "Última Insurreição" (bit.ly/QYhRB0), "Banquete de Trimalquião" (bit.ly/PtuuTc) e "Allegoria Sacra" (bit.ly/RaOgVn) fazem um paralelo com "Inferno", "Purgatório" e "Paraíso" de Dante.

"Nunca entendi se o AES+F tira sarro enquanto se exercita no glamour transcendental ou é mesmo hipertrofiadamente sério", disse o crítico de arte Vadim Putkóvski.

O título inicial do coletivo russo, AES, refere-se aos sobrenomes dos artistas que o fundaram, em 1987: Tatiana Arzamasova, Lev Evzovich, Evguêni Sviátski. Com a entrada do fotógrafo Vladímir Fridkes, em 1995, a sigla virou AES+F.

O quarteto tem diversas individuais pelo planeta. Sua mais famosa incursão pela religião é "Projeto Islâmico" (2007), que representa de formas um mundo dominado por muçulmanos. Na visão dos artistas, a Estátua da Liberdade vestiria um véu e o Big Ben estaria coberto por uma cúpula árabe.

SEM TI-TI-TI NO KANDINSKY

Entre os finalistas do Prêmio Kandinsky de arte contemporânea 2012, divulgados no mês passado, está o AES+F, na categoria projeto do ano (40 mil euros). Já a presença da banda punk Pussy Riot entre os semifinalistas causou tanto frisson que as moças ficaram de fora da final. Shalva Breus, criador da premiação, diz que a concorrência foi forte. "Pela primeira vez tivemos artistas tão notáveis como Andrei Monastírski, Andrei Filippov e Grisha Bruskin", explicou em sua revista, a "Artkhronika". Os resultados saem em dezembro.

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