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Reportagem

Menina do Rio

A "Ilustríssima" gasta a sola do sapato na avenida Brasil

FABIO BRISOLLA

Resumo

A avenida que deu nome ao mais recente fenômeno da TV brasileira passou de promessa de modernização do país a um retrato da degradação de nossas grandes cidades. Personagens anônimos e históricos se cruzam na avenida que atravessa o subúrbio carioca, à margem da classe média idílica retratada na novela.

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"Mais um chifrudo. Puta que o pariu! Será que esse autor pensa que no Brasil só tem chifrudo? É brincadeira, mermão!"

"Agora ferrou. Vão sair na mão!"

"Russo, me dá uma cerveja!"

"Todo mundo quer ver a Carminha, né?"

O assunto obrigatório debaixo do viaduto, bem em frente à rodoviária Novo Rio, é a programação da surrada CCE de 21 polegadas, turbinada por uma caixa de som, numa barraca metálica de camelô. Ao redor, 15 pessoas mesmerizadas, os olhos fixos na tela, só se mexem para tomar cerveja.

A poucos metros dali, na zona portuária, fica o marco zero (uma pequena placa verde) da via expressa que a Globo conseguiu transformar em obsessão nacional com a última novela das nove, que terminou anteontem.

Na novela, a avenida foi, como na tragédia grega, a senda que fez a família Tufão descarrilar no início da trama: na única cena da novela gravada na avenida, morreu Genésio, o pai da heroína Nina.

Vista em perspectiva, às 18h, é um caleidoscópio de fumaça e luz, uma paisagem turva e colorida como a que se congelava diariamente na cena final de cada capítulo.

Vista de helicóptero ou no mapa, é o braço sul do Y que se forma na confluência com via Dutra e deságua no centrão do Rio, depois de passar pelas favelas Te Contei, Paraibuna, Joana Nascimento, Ponto Chique, Batan, Vila Cariti etc.

Para o arquiteto Guilherme Wisnik, é uma "cicatriz na cidade". Para o urbanista Renato Gama-Rosa, a avenida "uniu e dividiu ao mesmo tempo". Para o sambista Marquinhos, "tinha um encanto por estar sempre associada às viagens, a momentos felizes da minha infância". Para João Emanuel Carneiro, o autor da novela, "é um grande emblema do subúrbio". Já o rebocador Valdeci, que dá expediente na Brasil há dez anos, sintetiza "A gente trabalha com um olho no padre e outro na missa."

Búzios e Cartas, amarração para o amor. Forrozão Karkará, 13 OUT., Feira de São Cristóvão. Saída Linha Vermelha. Área militar. Refinaria de Manguinhos. KM 3. Fiocruz. Saída Linha Amarela.

Com 58 km, a Brasil vai margeando a baía de Guanabara pela zona norte; perto da ilha do Governador, onde fica o aeroporto do Galeão, descreve uma longa curva à esquerda e então vai reto para se dissolver na zona oeste. Atravessa quase 30 bairros, até chegar a Santa Cruz, um cenário rural.

Símbolo do progresso industrial dos anos 40, a avenida logo se tornou um emblema da deterioração dos subúrbios brasileiros. Fora das prioridades da revitalização urbanística do Rio, a avenida talvez receba o seu quinhão. A prefeitura já começou a trocar placas de sinalização, plantou 1.800 palmeiras e recapeou seus 17 km iniciais.

A prefeitura pretende implantar ali um corredor de ônibus, o BRT Transbrasil, a um custo de R$ 1,3 bilhão. "A prefeitura vai bancar 10% dos recursos, e os outros 90% virão de financiamento federal, por meio da Caixa Econômica ou do BNDES. Ainda não está definido", diz Alexandre Pinto, secretário municipal de Obras.

Na avaliação do urbanista Sérgio Magalhães, o investimento é alto demais para uma linha de ônibus: "A cem metros da Brasil existe uma linha paralela de trens urbanos que está sucateada. Transformar os trens em metrô seria um gasto muito menor e traria um resultado bem mais efetivo".

Nesses dias, a refinaria de Manguinhos entrou no foco do governador Sérgio Cabral, que planeja construir conjuntos habitacionais ali. Para se tornar habitável, no entanto, o local precisa ser descontaminado, o que pode levar até duas décadas, segundo especialistas.

"Há uma contradição na avenida. Ela funcionou como estrada ao integrar o território. Foi feita para valorizar aqueles bairros. Ao mesmo tempo, seccionou uma região, criou barreiras. É preciso recorrer a passarelas para superar os obstáculos", avalia o urbanista Renato Gama-Rosa, autor de uma tese de doutorado sobre o tema. "Quem quer morar em beira de estrada?"

São mais de 50 favelas, incluindo as 16 que integram o complexo da Maré, onde moram mais 150 mil pessoas. O Brasil tomou conhecimento do lugar com uma canção composta em 1985 pelo estudante de arquitetura Herbert Lemos de Souza Vianna. "Eu via a Maré do ônibus, ao chegar e sair da UFRJ", lembra o líder dos Paralamas.

Até hoje, em muitos trechos da avenida, as casas e barracos chegam a lamber o acostamento. Na última campanha eleitoral, as paredes à beira do caminho ostentaram milhares de anúncios políticos. O rosto impresso do prefeito reeleito Eduardo Paes (PMDB) talvez superasse em número os 4.703 pontos de iluminação pública existentes ao longo da via.

PASSARELA 9. Favela da Maré. Bonsucesso. Stop Time, apartamentos a partir de R$ 51,90. Piscinão de Ramos. Perigo: material cortante. Base de Abastecimento da Marinha. Aqui tem GNV!

Diariamente, 237 mil veículos passam pela avenida, mas um deles jamais sai de lá: a picape branca de Valdeci da Silva, 45, com o logotipo da CET-Rio (Companhia de Engenharia de Tráfego). Morador de Duque de Caxias, município da Baixada Fluminense, ele trabalha há dez anos na avenida como operador de tráfego. Usa uniforme azul-marinho e colete amarelo fluorescente, realçando seus 130 quilos distribuídos em 1,85 metro.

"A Brasil é o coração do Rio de Janeiro, entendeu?", diz ele. "Quando estou na pista é uma responsa. Não é fácil, não, entendeu? Aqui passa de tudo, carro, carreta, caminhão, coletivo, cachorro. Entendeu? Lá pra cima, às vezes aparece até porco e cavalo pela pista. Aí tem de fechar o trânsito e tentar espantar os bichos. Entendeu?"

O bicho pega, no entanto, até nos horários de menor movimento. "De madrugada tem muito carreteiro doido, cheio de veneno na mente. Se deixar, eles passam por cima." Valdeci conhece como poucos a rotina do trânsito na avenida, por onde passam 321 linhas de ônibus municipais e intermunicipais. Chegou a presenciar até mesmo um atropelamento cujo culpado e a vítima eram a mesma pessoa.

"O caminhão estava saindo da Linha Amarela para entrar na avenida Brasil, quando o cara caiu da cabine e acabou embaixo das rodas", lembra. Ele especula sobre as causas do acidente: a porta se abriu na alça de acesso da Linha Amarela, o sujeito tentou fechá-la, mas, sem cinto de segurança, perdeu o equilíbrio, caiu e foi atropelado pelo próprio caminhão.

BÚZIOS E CARTAS. Ricardo de Albuquerque, Deodoro. Compro Carro, batido ou inteiro. KM 29. Motel Fina Flor, Motel Saint Moritz, Motel L'Amour. KM 30. Bariloche Motel, apartamentos a partir de R$ 35,99. Primeira Igreja Batista da Avenida Brasil! Somos um Rio, Eduardo Paes. Karibe Motel.

Em todo o percurso da avenida, apenas a favela do Batan recebeu uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), o programa de ocupação territorial do governo estadual, presente em 28 comunidades.

Diretor da ONG Observatório das Favelas, o sociólogo Jaílson de Sousa crê no potencial da favela para "ressignificar a cidade": "Nosso desafio é fazer com que a avenida Brasil deixe de ser um território de circulação e de medo para ser vista como um território de encontro". Sua ONG criou, dentro da Maré, uma agência de propaganda, uma oficina de fotografia e um centro de artes, entre outras iniciativas. A próxima meta é criar uma faculdade de comunicação.

No entanto, por ora os encontros são mais viáveis nos 12 motéis da avenida ou nos shoppings que vão pipocando às suas margens -só em 2011, foram inaugurados dois deles, o Via Brasil, em Irajá, e o Jardim Guadalupe, no bairro de mesmo nome, somando 458 lojas e R$ 420 milhões em investimento.

Para o arquiteto e crítico Guilherme Wisnik, a Brasil é típica do período entre os anos 50 e 70, quando o modelo das cidades dos EUA, com grandes conexões viárias, era visto como solução. "O argumento de ligação é a acessibilidade, mas, na prática, uma avenida como a Brasil separa, cria uma cicatriz na cidade. Esteriliza a vivência cotidiana", define Wisnik.

A paisagem de galpões e instalações industriais em abandono corrobora suas palavras. Houve um tempo, porém, em que a presença de grandes empresas, de uma universidade federal e de instituições como a Fiocruz faziam crer que a modernização do país, além de apenas passar por ali, talvez também ficasse.

Em 1954, no auge da campanha "O petróleo é nosso", foi inaugurada a refinaria de Manguinhos, a primeira do país, que chegou a atender a 90% do consumo diário da cidade. No fim da década de 70, o "Jornal do Brasil" inaugurou sua sede no número 500 da Brasil.

"A construção demorou anos, vários estudos foram feitos, porque aquela área era um pântano. Foi preciso aterrar muita coisa", diz Wilson Figueiredo, veterano do "JB" que viveu a mudança da avenida Rio Branco, no centro, para a Brasil.

Às margens da avenida já vicejaram fábricas de carrocerias para ônibus, tecelagens, confecções, a metalúrgica multinacional Rheem e a fábrica do Sabão Português -que deixava no ar um marcante cheiro de sabão em pó. Hoje, no prédio do "JB" fica a sede do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia. O galpão da Rheem foi demolido há dois meses. A fábrica desativada do Sabão Português aguarda a mesma sorte.

SAÍDA WASHINGTON LUÍS. KM 13,5. Penha. Estação Parada de Lucas. Frank Aguiar, 11 OUT., Passarela 22. Entrega o teu caminho ao senhor, confia nele e o mais ele fará, Salmo 37 - V5. Motel Champion. Saída Via Dutra. KM 17. Área militar. Somos um Rio, Eduardo Paes. Alexandre Pires, 14 OUT., Campo da Vila do João.

Nascido em Madureira, espécie de modelo real do fictício Divino, bairro onde a novela é ambientada, o sambista assumiu o nome de seu bairro de adoção: Marquinhos de Oswaldo Cruz. Ele é autor de canções inspiradas na zona norte, como "O que os Olhos Não Podem Ver", parceria com Carlos Bezerra e um mito da Portela, Candeia.

"É um retrato do trabalhador, que consegue sorrir, enxergar a beleza em seu cotidiano, mesmo levando uma vida dura", explica -e cantarola: "Nesta marmita, carrego os meus versos/ Que alimentam de emoção meu dia a dia".

Nem sempre foram os versos na marmita, no entanto, que alimentaram seu dia a dia. "Minha mãe sempre levava farofa", conta. "Ia a família toda, o carro velho do meu pai lotado. A avenida Brasil tinha um encanto por estar sempre associada às viagens". Hoje, ele diz, "passa a sensação de que não existe vida em sua margem. Quem passa rápido pela Brasil não consegue perceber que ali existe vida."

É de estranhar que tão árida avenida tenha dado nome ao universo festivo que se viu na tela da Globo. João Emanuel Carneiro, o autor do folhetim, esclarece: "Todo suburbano se guia pela avenida Brasil. É uma artéria do Rio. Por isso, escolhi este nome. A avenida Brasil é um grande emblema do subúrbio. Os bairros em sua margem têm muito a ver com a novela".

O autor ressalta que buscou inspiração também na obra de Nelson Rodrigues, que tematizou a região em peças e romances. "Ajudou muito a formar a minha visão do subúrbio". Na infindável galeria de tipos da zona norte, está, por exemplo, Engraçadinha, a heroína de "Asfalto Selvagem", evangélica de fechar o comércio que atrai o juiz Odorico Quintela até as lonjuras de Vaz Lobo, bairro situado nos arredores da Brasil.

Búzios e Cartas, trago a pessoa amada. Valéria Bandida, 13 OUT., Lona Cultural da Ilha. KM 18. Bar Gata de Irajá. Ceasa. Jardim Guadalupe, O Shopping da Avenida Brasil. Aqui tem GNV! Academia de Bombeiro Militar Dom Pedro II. Aqui se aprende a defender a pátria. Saída 27: Centro Nacional de Tiro Esportivo.

A chance de um morador do Rio encerrar sua história na avenida gira em torno de 60%. De 2.400 sepultamentos registrados mensalmente nos 13 principais cemitérios da cidade, 1.500 entram na conta do São Francisco Xavier, às margens da via, no bairro do Caju.

Morador da Penha, Firmino Bispo Pereira, 43, é coveiro no maior cemitério da cidade há 12 anos, já tendo enterrado o próprio chefe: o administrador do cemitério, em 2010. "Ele ficou na quadra 28", lembra Pereira, resignado. "Ruim mesmo é enterrar parente ou criança. Criança é complicado."

Numa jornada de 12 horas, ajuda a sepultar 25 corpos. "Isso quando está tranquilo. No verão, enterro mais de 50 por dia. Morre muita gente. No verão é brabo".

Ele mistura cimento num latão enquanto conta sua história: "Eu era do mundo virado. Não esquentava com porra nenhuma. Gastava tudo com bebida e droga. Muita cocaína. Só na farinha."

No processo de recuperação da dependência, iniciado há cinco anos, virou evangélico. "E já desvirei. Não tenho frequentado mais a igreja", diz o maranhense. "Mas ainda sigo o caminho que Deus me mostrou." Separado da primeira mulher há 14 anos, criou as duas filhas, Layanne Regina, 22, e Rayanne Marley, 16. ("O pessoal no Maranhão gosta muito de reggae. Aí resolvi fazer essa homenagem ao Bob Marley.")

Na esquina do cemitério do Caju, uma placa indica a direção da Casa de Banho Dom João 6º. A construção colonial, branca e de janelas verdes, no fim de uma rua sem saída teria uma sensacional vista para a baía de Guanabara, não fosse o muro erguido em frente e a estrutura da ponte Rio-Niterói.

Nos anos 1810, a construção era usada por dom João 6º para tomar banho de mar. Membros da família imperial eram figurinhas fáceis por ali. Carlota Joaquina, mulher do imperador, mantinha uma casa de campo no local que originou o bairro Engenho da Rainha. Hoje, a rua da Casa de Banhos do imperador português é um estacionamento das carretas da zona portuária,

Segundo o geógrafo Nélson da Nóbrega Fernandes, o botânico e viajante francês Auguste Saint-Hilaire (1779-1853), que ali passou nos idos de 1820, considerou o panorama muito agradável e estimou a existência de 200 residências, na maioria chácaras e casas de campo, cinco engenhos e uma população de 600 adultos. Escreveu Saint-Hilaire em sua correspondência: "Próximo do Rio de Janeiro, podemo-nos julgar nos arredores de uma das maiores cidades da Europa."

Búzios e Cartas, todo tipo de trabalho. Mocidade Independente, a estrela da zona oeste. KM 31. Somos um Rio, Eduardo Paes. Bangu, Vila Kennedy, Santíssimo. Motel Oklahoma. KM 42. Queijaria Santa Edwiges. Salão das Testemunhas de Jeová. Vendo galpão. Compro carro. Santa Cruz. Saída Rodovia Rio-Santos. Caldo de cana e coco. Borracharia. KM 58.

"Conserto o pneu e arrumo a vida da pessoa", diz Reginaldo Ferreira, 43, borracheiro que às margens da Brasil acabou se especializando também na recauchutagem de almas. Chegou a fundar sua própria igreja, a Assembleia Tradicional do Evangelho Genuíno, bem em frente ao trevo que marca o fim da avenida.

"É a última igreja da Brasil. Não tem como errar", rejubila-se o pastor-borracheiro. "Mesmo quando estou consertando o pneu fico atento à minha volta, sempre pronto para salvar uma alma."

Então ele se detém, intrigado.

"Tá sentindo o cheiro?", pergunta, como quem fareja a oportunidade de salvar mais uma alma. "É maconha! Tem um maconheiro aqui por perto!" Ele escaneia o espaço em redor e detecta um rapaz fumando um baseado debaixo de uma árvore. Decide abordá-lo para explicar que "maconha não agrada a Deus", mas o maconheiro se eclipsa rapidamente.

Em meio ao mar de favelas, desponta uma construção extravagante e algo megalomaníaca: a sede da Fundação Oswaldo Cruz, verdadeiro castelo em estilo eclético, grande moda no Brasil do começo do século 20. O médico sanitarista Oswaldo Cruz decidiu que ali ficaria seu pioneiro laboratório para fabricação de soros e vacinas. Dominados por manguezais, os arredores da Fiocruz ganharam o nome de Manguinhos.

Já se pensava em ligar o cais do porto à zona norte com a "avenida do Norte", esboçada em 1910 mas logo esquecida. A integração viária só veio em 1939, por ordem do presidente Getúlio Vargas, e a pavimentação dos primeiros 15 km só foi concluída oito anos depois.

"Havia uma expectativa grande em torno da abertura da avenida. Seria a grande porta de entrada da capital federal. Por sua importância, a Brasil chegou a ser chamada de BR 01, sendo considerada a principal estrada do país", diz o urbanista Renato Gama-Rosa.

O asfaltamento selou também o início da favelização por ali: desvalorizadas, as áreas de mangue acabaram atraindo os operários recém-chegados à cidade, contratados para as obras de pavimentação. Foi assim, sobre palafitas, que se alastrou a favela da Maré, a partir do morro do Timbau, com vista da Baía de Guanabara.

"Aos poucos, os próprios moradores começaram a aterrar as áreas ao redor do Timbau. A população da Maré criou literalmente o seu próprio chão", diz o historiador Edson Diniz, diretor da ONG Redes da Maré. Nos anos 80, o emaranhado de palafitas contrastava com a vizinha ilha do Fundão, onde fica o campus da UFRJ.

As tentativas de urbanizar o lugar nunca deram conta da expansão populacional, que só fez criar novas favelas. Vila do João, que fica ali perto, deve seu nome ao presidente João Figueiredo, que inaugurou um conjunto habitacional na Maré, segundo Edson Diniz.

O conjunto habitacional Fazenda Botafogo, no km 19, vizinho à favela de Acari, foi construído com recursos do extinto BNH (Banco Nacional de Habitação) e inaugurado no fim dos anos 70, com 3.440 apartamentos de 35 a 44 metros quadrados. Em 2010, os irmãos Picciani, ambos candidatos a deputado pelo PMDB -Rafael a estadual e Leonardo a federal- patrocinaram a pintura dos 86 prédios em tons verde-água. Elegeram-se, e Rafael hoje é secretário estadual de Habitação.

Ex-funcionária da Petrobras, a aposentada Dayse Martins Ramos, 61, mora há mais de 30 anos no segundo andar do edifício Kennedy, à beira da avenida. Diz que não troca a vida no Fazenda Botafogo por nada: "Sabe aquela menina [da novela] Monalisa, que comprou um apartamento na zona sul e não se adaptou? É isso mesmo! Aqui tem pagode dia de domingo, todo mundo conversa comigo, bom pra caramba. Em Copacabana não é assim, não!".

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