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Diário de Montevidéu

O MAPA DA CULTURA

Prata da casa

Um museu para cada grande artista uruguaio

SYLVIA COLOMBO

Poucas cidades latino-americanas homenageiam de forma tão intensa os seus artistas -ou os estrangeiros que por lá passaram seus anos mais criativos- como Montevidéu. Os museus dedicados a Pedro Figari (1861-1938), Torres-García (1874-1949), José Gurvich (1927-74) e Juan Manuel Blanes (1830-1901) contam, cada um sob sua perspectiva, a história da cidade e do país.

Nas telas de Figari, a influência da arte acadêmica italiana se mistura aos elementos de arte naïf para retratar cenas do cotidiano local, como bailes de candombe e festas populares com grande presença negra.

Já as do construtivista Torres-García, artista uruguaio mais importante do século 20, trazem os experimentos que realizou misturando sua passagem pela Europa com um profundo interesse pela vida urbana de Montevidéu. Até o fim de fevereiro, seu museu dedica dois andares a uma retrospectiva do escultor Eduardo Yepes, nascido em Madri, mas radicado na capital uruguaia depois de casar-se com Olimpia, a filha mais velha de Torres-García.

O museu dedicado à obra de seu discípulo Gurvich, de ascendência lituana, é o mais moderno do centro montevideano, e reúne suas esculturas e pinturas. Mas o verdadeiro mergulho no Uruguai histórico, porém, só é possível com a visita ao casarão no bairro do Prado que reúne os trabalhos de Blanes. Seus quadros mostram o processo de consolidação da nação, o estabelecimento das fronteiras e a definição da identidade "gaucha". Estão aí telas clássicas como "El Juramento de los Treinta y Tres" e "Artigas en la Ciudadela".

RUA DOS LIVROS

Desde 1909, a rua Tristán Narvaja abriga, aos domingos, um histórico mercado de pulgas no estilo do Rastro madrilenho. Durante os dias da semana, é frequentada por compradores de livros antigos.

As sete quadras da rua, que começa na avenida 18 de Julio, abrigam mais de dez pequenos e médios sebos. É o caso de El Inmortal, um imenso corredor com prateleiras cheias que desemboca no átrio de uma antiga casona típica de Montevidéu.

Proprietário do local há 13 anos, Roberto Gomensoro contou à Folha que o público é composto principalmente por uruguaios, argentinos e europeus. "Nosso forte são livros de ficção e história. Uruguaio adora história e biografias."

Na El Inmortal, comprei uma biografia do libertador José Artigas por US$ 10 (R$ 22), e uma primeira edição do romance "Tierra de Memória", do célebre escritor uruguaio Felisberto Hernández (1902-64), por US$ 50 (R$ 110).

CINEMA

A média de produção cinematográfica do Uruguai subiu, na última década, de três filmes ao ano para sete, em 2012. O maior sucesso foi o de "3", de Pablo Stoll (trailer em bit.ly/pablostoll), também codiretor de "25 Watts" (2001) e "Whisky" (2004), ambos exibidos no Brasil.

A produção conta as histórias entrelaçadas de três membros de uma família disfuncional de classe média de Montevidéu. Ana, a filha adolescente que busca no sexo casual a solução de suas angústias; Graciela, a mãe, que começa um romance com um homem que conhece ao acompanhar uma parente em estado terminal; e Roberto, que quer resgatar o amor perdido de ambos.

"Assim como em 'Whisky' [sobre a história de um homem que finge estar casado com uma de suas funcionárias], quis explorar a maneira complexa como as famílias podem se formar e encontrar uma maneira de conviver", disse o diretor à Folha. Stoll finalizou a produção do longa sozinho depois do suicídio de seu parceiro, Juan Pablo Rebella, em 2006.

CAETANO VELOSO URUGUAIO

Um violão do qual arranca poucas notas, às vezes uma gaita ou uma caixinha de fósforo para uma percussão minimalista: é o que basta para que Fernando Cabrera, 56, arme seu universo musical, que define como "platense" -e que evoca as tradições da milonga e do candombe.

O músico, espécie de Caetano Veloso uruguaio, cuja forma de cantar busca uma irregularidade que beira a estranheza, acaba de lançar "Intro", coletânea de 65 poemas inéditos e um DVD com um show gravado em Buenos Aires (ouça "Viveza", música de Fernando Cabrera em bit.ly/cabreraviveza).

O disco é da gravadora Ayuí, especializada em música uruguaia, e tem a participação do argentino Kevin Johansen e regravações de outros clássicos da música do rio da Prata, como os de autoria de Eduardo Mateo (1940-90) e de Luis Alberto Spinetta (1950-2012).


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