São Paulo, domingo, 18 de julho de 2010

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Ilustríssima Semana

O MELHOR DA CULTURA EM 7 INDICAÇÕES

LIVRO

Dirigindo e bebendo
A imaginação de Carver

RAYMOND CARVER
tradução CIDE PIQUET

Já é agosto e eu não leio um livro há seis meses a não ser por um troço chamado A Retirada de Moscou de Caulaincourt. Ainda assim, estou feliz andando de carro com meu irmão e bebendo um pint de Old Crow.
Não estamos indo a lugar nenhum, só estamos indo. Se eu fechasse os olhos por um minuto estaria perdido, contudo eu poderia facilmente deitar e dormir pra sempre na beira desta estrada. Meu irmão me cutuca. Para que algo aconteça, está por um triz.

DIPLOMACIA SUJA
Tachkent fica longe do "circuito Elizabeth Arden", jargão que designa os postos diplomáticos mais cobiçados (Roma, Paris, Londres e Washington). Mas a capital uzbeque está no centro da geopolítica pós-11 de Setembro, que usou a "Guerra contra o Terror" como pretexto para ofensivas militares e comerciais, apoiadas em regimes autoritários como o do ditador Islam Karimov. Nomeado embaixador no Uzbequistão (2002 -04), Craig Murray lançou-se numa campanha nada diplomática contra violações dos direitos humanos (um dissidente fervido num caldeirão), a corrupção e a perseguição aos muçulmanos -o que lhe custou carreira e casamento, mas rendeu um sensacional thriller real de política internacional.
Não é só o governo de Tony Blair que tem suas entranhas expostas, em telegramas e relatórios secretos, mas o próprio embaixador, um hedonista sem moderação que acaba se casando com uma stripper uzbeque. (Paulo Werneck)
Cia. das Letras | Trad. Berilo Vargas | 488 págs. | R$ 58

HERCULE FLORENCE
"Céus"
Em edição trilíngue, a obra reúne reproduções de pinturas em que Florence (1804- 79), francês radicado no Brasil e um dos inventores da fotografia, volta o seu olhar para o "teatro brilhante" do céu. O livro traz ensaio do crítico Jorge Coli.
Florescer Produções Culturais | Org. Leila Florence | 264 págs. R$ 180

"A cena como o momento essencial do teatro"
Três perguntas para Ismail Xavier, coordenador da coleção "Cinema, Teatro e Modernidade" (Cosac Naify), cujo mais recente volume é o livro "Drama em Cena" (trad. Rogério Bettoni, 260 págs., R$ 62), de Raymond Williams.

Qual é a importância de Raymond Williams para os estudos sobre teatro?
Dentro de sua reflexão sobre a cultura, ele desde cedo incluiu o teatro em seu percurso como professor e ensaísta; percebeu que era urgente discutir o problema da encenação, da relação entre texto e espetáculo.

Como as relações entre texto e encenação desde a Grécia antiga ajudaram a transformar o teatro e sua dramaturgia?
Este é exatamente o tema de "Drama em Cena", livro que veio responder a uma "inquietação" presente na cultura teatral desde que figuras como Antonin Artaud e outros questionaram a primazia do texto e marcam o espetáculo em cena como o momento essencial do teatro.

Por que Williams incluiu um capítulo sobre "Morangos Silvestres", de Bergman, num livro sobre teatro?
Este capítulo foi incluído na edição de 1968 porque Williams observou com clareza que as questões implicadas na passagem do texto (roteiro) ao filme são semelhantes às enfrentadas no teatro.

MOSTRA/SEMINÁRIO

Mutações
"A pergunta que a civilização tecnocientífica nos põe é: em que crê o homem hoje? Na descrença? Na política? No pensamento? Na religião? Nos valores? Na própria ciência?", diz, em entrevista ao caderno "Ilustríssima", Adauto Novaes, organizador do ciclo de conferências "Mutações".
Em sua quarta edição, "A Invenção das Crenças" tematiza o papel da tecnociência na mudança das ideias e práticas em torno das crenças no mundo contemporâneo. Novaes busca "desfazer o equívoco do senso comum que imagina a crença apenas como questão religiosa".
"Mutações" reúne, entre outros debatedores, Sergio Paulo Rouanet, Olgária Matos, Marcelo Coelho, o poeta Antonio Cícero, o filósofo francês Jean-Pierre Dupuy e o escritor tunisiano Abdelwahab Meddeb.
O ciclo acontece em São Paulo (Sesc Vila Mariana), Rio de Janeiro (ABL), Belo Horizonte (Casa Fiat de Cultura) e Brasília (Caixa Cultural). As inscrições começam na terça-feira (em Brasília, a partir de 27/7).
Em São Paulo, haverá também exposição, no Sesc Vila Mariana, sobre os seminários coordenados por Novaes há 30 anos, como "Os Sentidos da Paixão" e "O Olhar".
São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília De 5/8 a 1º/10

DE PICASSO A GARY HILL
A exposição, que reúne 112 obras, aborda a formação da arte moderna e contemporânea. Reúne trabalhos de Picasso, Matisse, Chagall, Dali, Miró, Paul Klee, Richard Serra, Torres-Garcia e Gary Hill, entre outros 25 artistas. Parte das obras foi cedida pelo Instituto Valenciano de Arte Moderna (Ivam), de Valencia (Espanha).
Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar, em Fortaleza | Até 29/8
Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba | A partir de 7/10


FERNANDO SOLANAS
O diretor argentino participa, no próximo sábado às 18h30, de debate em torno da sua produção mais recente: cinco documentários sobre a crise econômica na Argentina, feitos nos últimos seis anos.
Além desses filmes, a mostra exibe também "La Hora de los Hornos" (1968), produção independente dirigida por Solanas que contribuiu para o lançamento do manifesto do terceiro cinema.
Instituto Moreira Salles
Rio de Janeiro | De 23 a 29/7


TEATRO

CIRCUITO DE TEATRO PORTUGUÊS
Em sua quinta edição, a mostra reúne cinco peças encenadas por companhias do Brasil, de Portugal e de Angola em diversos teatros de São Paulo e região metropolitana. Na terça, às 20h30, o grupo brasileiro Dragão 7 apresenta, no teatro Maria Della Costa, "Inês de Castro, até o fim do mundo...", baseada na história da mítica rainha portuguesa coroada depois de morta. Mais informações em dragao7.com.br
São Paulo | Até 24/7


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