São Paulo, domingo, 24 de julho de 2011

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IMAGINAÇÃO
PROSA, POESIA E TRADUÇÃO

Dois poemas

FRANCISCO ALVIM

A BOMBA

Tema gasto
compartilhada,
(unha, unha encravada)
quem apertará o botão?
(afinal, é o que interessa:
de quem o dedo, o quando)
talvez o segundo toque
(e a vez)
seja o inconstitucional
(será?)
até porque
não há lugar para dúvida
(mesmo?)
dissuasão significa o uso
na paz
do artefato - em razão
da raiz (sabugo,
sabugo
que o rato
roeu)
certamente pacificadora
de uma possibilidade
(expectativa?)
que nele
está atarrachada
(como se encravada -
unha desesperada!
não bastasse)
Mas,
(continuando em ânimo
adversativo sapiencial)
será que falam - anacrônicos -
da mesma?
Da que aparenta estar sempre
ao alcance da mão legitimada?
Da que, com nome e sobrenome,
nos olha de um passado
supercilioso?
Aquela que crestou
em definitivo, com a cidade,
nossas mentes futuras
num presente que não cessa
a pedir
que prossigamos instrumentais
e na sombra rutilantes?
Certamente que sim
Porque a outra
produto da garagem e da farmácia -
da gangrena
com suas regras de não convívio
não se dá a conhecer
não admite conversa
não se presta aos ouvidos
embora mui vibráteis
desta sala
Ave!
supernova ahistórica
protetora do mofo
do medo
e da horrífica mofa

NÃO É DESCONFIANÇA

é falta de certeza


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