Apesar do dólar, investidor pensa nos EUA
Em busca de imóvel fora do país, brasileiro com alto poder aquisitivo prefere a Flórida
A disparada do dólar comercial, que atingiu a marca de R$ 3,31 na sexta-feira (20), não assustou certos investidores no mercado imobiliário americano. Diante das tensões econômicas internas, brasileiros endinheirados estudam investir em imóveis no hemisfério norte.
"A alta do dólar só aumenta a demanda para brasileiros, no perfil empresário ou empreendedor, que não quer mais manter investimentos no Brasil", diz o empresário Daniel Rosenthal, organizador do Investir USA Expo. Na semana passada, o evento reuniu 32 expositores, 900 visitantes e 1.600 investidores em São Paulo, movimentando um total de US$ 32 milhões em negócios.
"Quem realmente quer investir não está preocupado com o dólar", diz Cibele Zuazu, 51, há 23 nos EUA. "Não é o tipo de cliente que fica fazendo conversão entre o real e o dólar. Quem tem poder aquisitivo alto pensa como americano e investe como americano", afirma a agente da The K Company.
"O investimento em real é mais arriscado. É melhor apostar em dólar", avalia o empresário Sérgio Pripias, 67.
Entre abril de 2013 e março de 2014, os brasileiros gastaram US$ 410 mil (R$ 1,06 milhão à época) em média para comprar um imóvel nos EUA --foram 4.000 no total, 3.000 só na Flórida, de acordo com os dados mais recentes da NAR (National Association of Realtors). Estima-se que 250 mil brasileiros vivam no eixo Miami-Orlando atualmente.
FORA DO EIXO
Hernan Glezer, 46, diretor executivo da Optimar International Realty, vê um momento de renovação do mercado imobiliário americano, com alta procura de asiáticos, argentinos e brasileiros, atraídos especialmente pelo estilo de vida de Miami.
Atualmente, a cidade oferece imóveis por preços entre US$ 150 mil (R$ 486 mil) e US$ 5 milhões (R$ 16,20 milhões). "Miami é um ímã para brasileiros", diz Glezer.
Além do circuito Miami-Orlando, mais famoso, outras cidades no sul da Flórida estão atraindo investidores. É o caso de Fort Lauderdale, onde o empresário Cláudio Tomanini, 54, pretende comprar um apartamento.
Professor da Fundação Getulio Vargas, Tomanini viaja para a Flórida para conferir o empreendimento The Ocean em abril. "Adoro o Brasil, mas com US$ 500 mil não dá para comprar um apartamento de 120 m² em Moema [zona oeste de São Paulo]. É melhor investir lá fora. Alguém pode dizer que isso não é pra todos. E não é, infelizmente."