Aluguel 'rápido' vale mais se imóvel estiver quitado, dizem consultores
Contrato temporário pode ter rendimento melhor do que um longo, mas investimento é alto
Antes de apostar em alugar nas férias e em feriados, é preciso considerar gastos mensais e demanda
Das metrópoles ao litoral, o mercado de aluguel por temporada continua conquistando adeptos no Brasil --segundo o site AlugueTemporada, que negocia locações por tempo mais curto, o número de anúncios cresceu 73% nos últimos três anos.
"O aluguel por temporada tem potencial de crescimento no país. Esse nicho acompanha o mercado turístico, mas não necessariamente o imobiliário, já que os imóveis são usados para estadias curtas, como férias ou feriados", diz Nicholas Spitzman, presidente do AlugueTemporada.
Segundo especialistas, a temporada é uma alternativa interessante para quem tem um segundo imóvel quitado e pouco utilizado. Já quem pretende investir agora num imóvel visando alugar nas próximas temporadas precisa considerar variáveis.
FAZENDO AS CONTAS
Desde 2012, a gerente Gisele Ayres, 38, disponibiliza seu apartamento para aluguel na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. "Gosto das contas na ponta do lápis. De um lado, tenho gastos fixos, como condomínio, no total de R$ 800. De outro, recebo uma média de R$ 3.800 por mês. Por enquanto, compensa", diz.
Desde 2005, o aposentado Wilson Coló, 62, abre sua casa para quem quer visitar Maresias, litoral norte de São Paulo. No Réveillon, a casa de 250 m², herança de família, lhe rende R$ 2 mil por dia.
Roseli Hernandes, diretora de Imóveis de Terceiros do Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário), considera a localização do imóvel essencial. "É uma ideia interessante para lugares turísticos. A alta temporada pode render mais que os contratos longos, de 30 meses", diz.
Marcelo Prata, presidente do Canal do Crédito (site de comparação de produtos financeiros), pondera que, no atual contexto econômico, pode não ser um bom negócio investir nesse nicho, exceto se encontrar imóveis abaixo do valor de mercado. "Em momentos de crise, alta de juros e dificuldade no acesso ao crédito, muitas pessoas abrem mão de 'luxos' como férias na praia", analisa.
A planejadora financeira Letícia Camargo não considera a locação por curto prazo convidativa para o proprietário. "O contrato de longa temporada é conservador, mas mais indicado agora", diz.
Por outro lado, Alessandro Francisco, professor da Fundação Armando Álvares Penteado, lembra que o aluguel tende a cair lentamente e, com a grande oferta de imóveis, muitos deles estão ociosos."Para o dono, a temporada é uma alternativa para não ficar com o imóvel parado. É comum em Paris e Londres. O mercado poderia explorar esse nicho melhor em São Paulo", analisa.