São Paulo, domingo, 02 de abril de 2000


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PÓS-FALÊNCIA
Recuperado pelos compradores, primeiro grande prédio é entregue no RJ; em maio, sai mais um em SP
70 "esqueletos" da Encol são retomados

José Nascimento/Folha Imagem
Comprador do Maison Royale


SÉRGIO DURAN
da Reportagem Local

Os "esqueletos" (prédios inacabados) da Encol, maior construtora residencial do país que teve falência decretada no ano passado, estão ganhando corpo.
Segundo o juiz Carlos Alberto França, que cuida do processo de falência da construtora, em Goiânia, 70 dos 519 empreendimentos inacabados estão tendo as obras retomadas pelos compradores.
O número refere-se aos pedidos de alvará de retomada que deram entrada no fórum de Goiânia.
Na época da falência, os 519 prédios representavam 43.743 unidades inacabadas. Desses, 213 não tinham sequer a escritura feita.
O primeiro grande empreendimento desse lote -o edifício Blue Coast, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro- foi inaugurado oficialmente na última sexta-feira.
O fato é emblemático para os compradores lesados pela Encol, por causa do tamanho (220 unidades) e da localização.
Na região onde fica, há outros seis "esqueletos" de prédios da construtora falida. "Parece uma cidade fantasma", lamenta o auxiliar administrativo Dalmo Lino Batista, 44, comprador de uma unidade do Blue Coast.
No ano passado, foram entregues outros três, cujas obras de conclusão eram pequenas. Até maio está prevista a entrega de mais um, desta vez em São Paulo.
Só o advogado do condomínio carioca, Hamilton Quirino Câmara, cuida da retomada de outros 18 empreendimentos.

Diálogo
Mas o caminho a ser percorrido por quem quer retomar a obra de uma incorporadora ou construtora falida é tortuoso. É preciso disposição para vencer a burocracia jurídica e para dialogar.
O que determina o sucesso da ação é a união e a disposição dos compradores, segundo Maria Rita Silva, da Kéter Desenvolvimento Imobiliário, empresa especializada na retomada de obras.
"Muitos, desacreditados, custam a voltar a investir no imóvel, mas a obra só é retomada quando há o entendimento", diz.
Em junho do ano passado, a Kéter e a Govesa elaboraram um convênio com o Bradesco com uma linha de crédito especial para 259 obras paralisadas da Encol com unidades em estoque.
Essas são as mais difíceis de serem retomadas porque as unidades não foram totalmente vendidas e, por isso, não há compradores para voltar a investir no imóvel ou para assumir um empréstimo bancário.
Até mesmo os condomínios totalmente vendidos têm dificuldades. "É um processo que sofre a interferência do tempo. Dois anos depois, a vida de um comprador pode ter mudado totalmente."

Autorização judicial
Apesar de a falência da construtora ter ocorrido em 1999, durante o processo de concordata, que se iniciou em 1997, muitas ações contra a Encol foram apresentadas no fórum de Goiânia, onde se desenrola o caso.
Nesse período, até o juiz responsável mudou -saiu Avenir Passo e entrou Carlos França.
Além dos "esqueletos", França diz se preocupar com os empreendimentos concluídos antes da falência, cujos moradores pagaram mas não puderam retirar a escritura. "Até agora, expedimos 200 autorizações para isso."
Segundo ele, para obter a escritura, é preciso entrar com um pedido no fórum de Goiânia tendo em mãos o contrato e os comprovantes de pagamento.


Fórum de Goiânia - tel. 0/xx/62/216-2000.



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