São Paulo, domingo, 02 de junho de 2002

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DEU CERTO

Coleta seletiva exige comprometimento

EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Nada se cria, tudo se recicla. Essa reinterpretação do velho ditado pode ser uma saída para as 15 toneladas de lixo geradas, todos os dias, na Grande São Paulo. A reciclagem, restrita hoje a 5% do material, no entanto, exige preparo e comprometimento, sobretudo em condomínios residenciais.
Primeiro, os moradores devem ser conscientizados, por meio de palestras e materiais didáticos, da importância da reciclagem. "De 80% a 90% deles têm de aderir ao projeto", calcula André Vilhena, 32, diretor do Cempre (Compromisso Empresarial para a Reciclagem).
No ano passado, a administradora Hubert criou o "Programa Meu Ambiente", cujo carro-chefe é a coleta seletiva. "Mas ainda é difícil implantar esse sistema. Se os funcionários do condomínio não apóiam a idéia, ela se torna inviável", afirma o diretor Daniel Gebara, 27.
Uma fase crucial é a de planejamento, quando se definem as formas de armazenamento e escoagem. "O programa deve se aproximar do que já é feito com o lixo comum", ensina Ana Maria Luz, 47, diretora do Instituto GEA Ética e Meio-Ambiente.
O armazenamento também requer cuidados. Não pode haver, por exemplo, água empoçada no local, e o lixo reciclável não deve conter restos de alimentos. Entra em ação, então, o treinamento dos funcionários e das empregadas domésticas.
A motivação da mão-de-obra atuante foi a chave do êxito do programa no condomínio Trafalgar Square (SP). "Todo mês, há uma reunião entre os empregados com sorteio de prêmios comprados com a venda do material", diz a empresária Ely Belotto, 52, uma das moradoras que liderou o projeto.
Mas nem sempre a iniciativa dá certo. No condomínio Mandala Quadra das Lagoas (RJ), os moradores apoiaram a implantação, mas relaxaram nos procedimentos, o que levou à suspensão do programa, há um ano.
"As domésticas passaram a misturar todo tipo de lixo e o material começou a ser acumulado na garagem dos prédios, o que trouxe baratas e mau cheiro", afirma o administrador José Marcos Argente, 47.


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