São Paulo, domingo, 03 de junho de 2007

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Economia multiplicada

Queda de 1,5 ponto percentual em juros de financiamento faz total pago cair cerca de 5%

EDSON VALENTE
EDITOR-ASSISTENTE DE IMÓVEIS E CONSTRUÇÃO

A expectativa de melhores condições de aquisição da casa própria pela classe média já se reflete nos dígitos de taxas e parcelas de financiamento imobiliário dos bancos.
Especialistas apontam que medidas como a da Caixa Econômica Federal, que baixou os juros do crédito para famílias com renda de R$ 3.900 a R$ 4.900 mensais em 1,5 ponto percentual -de 10,16% anuais para 8,66% anuais-, têm impacto multiplicado no total pago pelo bem financiado.
Essa diminuição da taxa, por exemplo, implica uma economia de até 6% no capital desembolsado pelo mutuário (confira simulações na pág. 2).
"Quando se analisa a redução do valor da parcela, mês a mês, a economia pode não parecer tão brutal", observa o professor da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo) e vice-presidente do Ibef (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças), Keyler Carvalho Rocha, 67.
"Mas, como o período de financiamento é longo, de até 240 meses [20 anos], a diferença se torna bem significativa ao final do prazo", completa.
Na simulação para um financiamento de R$ 100 mil em 15 anos, por exemplo, o valor da última prestação diminui apenas cerca de R$ 5. Mas, no todo, a economia chega a R$ 12.126.
Rocha ressalta que, com essa queda de juros, muitas famílias dessa faixa de renda, antes "excluídas", passam a ter acesso ao financiamento.
"A prestação é condicionada a um percentual do salário, o comprometimento de renda limita a contratação do crédito. Às vezes uma pequena redução já faz com que a parcela passe a caber no orçamento."

Outros bancos
Para o economista Miguel de Oliveira, 46, vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), a redução dos juros da Caixa para a classe média traz também o benefício de outro efeito multiplicador.
"Isso leva os outros bancos a reduzirem também suas taxas", explica. "Ainda deverá haver quedas maiores, pois a tendência é a Selic [Sistema Especial de Liquidação e de Custódia] continuar em baixa", raciocina.
Mas, por enquanto, há alguns entraves para que entidades privadas reduzam taxas para patamares mais inferiores, argumentam os economistas.
No caso da Caixa, o recurso de financiamento que agora é "vendido" por 8,66% anuais custa, para ela, cerca de 3% ao ano, que correspondem aos juros pagos pelos rendimentos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Os bancos privados geralmente emprestam dinheiro para crédito imobiliário com recursos da poupança, que lhes custam 6,17% anuais.
"Nessas condições, o espaço que sobra para redução é pequeno", pondera Rocha.
Há bancos privados, como o Real ABN Amro, que já reduziram os juros para 9% anuais durante 20 anos, com correção das parcelas pela TR.


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