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Economia multiplicada
Queda de 1,5 ponto percentual em juros de financiamento faz total pago cair cerca de 5%
EDSON VALENTE
EDITOR-ASSISTENTE DE IMÓVEIS E CONSTRUÇÃO
A expectativa de melhores
condições de aquisição da casa
própria pela classe média já se
reflete nos dígitos de taxas e
parcelas de financiamento
imobiliário dos bancos.
Especialistas apontam que
medidas como a da Caixa Econômica Federal, que baixou os
juros do crédito para famílias
com renda de R$ 3.900 a R$
4.900 mensais em 1,5 ponto
percentual -de 10,16% anuais
para 8,66% anuais-, têm impacto multiplicado no total pago pelo bem financiado.
Essa diminuição da taxa, por
exemplo, implica uma economia de até 6% no capital desembolsado pelo mutuário
(confira simulações na pág. 2).
"Quando se analisa a redução
do valor da parcela, mês a mês,
a economia pode não parecer
tão brutal", observa o professor
da FEA-USP (Faculdade de
Economia, Administração e
Contabilidade da Universidade
de São Paulo) e vice-presidente
do Ibef (Instituto Brasileiro de
Executivos de Finanças), Keyler Carvalho Rocha, 67.
"Mas, como o período de financiamento é longo, de até
240 meses [20 anos], a diferença se torna bem significativa ao
final do prazo", completa.
Na simulação para um financiamento de R$ 100 mil em 15
anos, por exemplo, o valor da
última prestação diminui apenas cerca de R$ 5. Mas, no todo,
a economia chega a R$ 12.126.
Rocha ressalta que, com essa
queda de juros, muitas famílias
dessa faixa de renda, antes "excluídas", passam a ter acesso ao
financiamento.
"A prestação é condicionada
a um percentual do salário, o
comprometimento de renda limita a contratação do crédito.
Às vezes uma pequena redução
já faz com que a parcela passe a
caber no orçamento."
Outros bancos
Para o economista Miguel de
Oliveira, 46, vice-presidente da
Anefac (Associação Nacional
dos Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade), a redução dos juros da Caixa para a classe média traz também o benefício de outro efeito
multiplicador.
"Isso leva os outros bancos a
reduzirem também suas taxas",
explica. "Ainda deverá haver
quedas maiores, pois a tendência é a Selic [Sistema Especial
de Liquidação e de Custódia]
continuar em baixa", raciocina.
Mas, por enquanto, há alguns
entraves para que entidades
privadas reduzam taxas para
patamares mais inferiores, argumentam os economistas.
No caso da Caixa, o recurso
de financiamento que agora é
"vendido" por 8,66% anuais
custa, para ela, cerca de 3% ao
ano, que correspondem aos juros pagos pelos rendimentos do
FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço).
Os bancos privados geralmente emprestam dinheiro para crédito imobiliário com recursos da poupança, que lhes custam 6,17% anuais.
"Nessas condições, o espaço
que sobra para redução é pequeno", pondera Rocha.
Há bancos privados, como o
Real ABN Amro, que já reduziram os juros para 9% anuais
durante 20 anos, com correção
das parcelas pela TR.
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