São Paulo, domingo, 04 de fevereiro de 2007

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Prédio expulsa morador de casa

Incorporadoras forçam venda de casas localizadas em terrenos atrativos para o mercado

Renato Stockler/Folha Imagem
O aposentado Rubens Grecco acha baixa a oferta pela casa que custou 30 anos de economias; segundo ele, construtora comprou imóvel vizinho e ameaça demoli-lo

Prédio expulsa morador de casa

DÉBORA FANTINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando as campainhas tocam em bairros paulistanos que são a bola da vez da especulação imobiliária, quem mora em casa já coloca a vassoura atrás da porta para receber os compradores de terrenos, mais conhecidos como captadores.
De acordo com moradores ouvidos pela Folha, na abordagem dos captadores, a ameaça real de que o imóvel se desvalorize com a potencial construção de um espigão ao lado é acompanhada por mentiras.
Além disso, eles costumam oferecer pelo bem um valor abaixo do de mercado.
"Ligam de três a cinco vezes por dia e falam, citando nomes, que vizinhos já venderam, mas é mentira, querem discórdia. Já dissemos que não está à venda", relata o comerciante Paschoal Dallanesi Júnior, 37.
O alvo dos captadores é a casa de sua avó, Maria Dallanesi, 84, na Lapa (zona oeste). No mesmo bairro, incorporadoras já transformaram quarteirões da rua Fábia em "paliteiro" -como os moradores referem-se aos edifícios que atrapalham a vista da serra da Cantareira.
Outros bairros sob pressão imobiliária são Ipiranga e Vila Mariana, na zona sul, e Tatuapé e Mooca, na zona leste (veja mapa na pág. 2).
Segundo o advogado especializado em direito imobiliário Luis Paulo Serpa, 38, o proprietário pode pedir na Justiça indenização por dano moral.
"A pressão fere o direito de propriedade, mas não é comum as pessoas entrarem com um processo porque é difícil comprovar o assédio", pondera.
O advogado da ONG Movimento Defenda São Paulo, Marcus Vinicius Gramegna, 34, recomenda exigir dos captadores que se comuniquem sempre por escrito -a papelada pode ser prova de abordagem que extrapole o limite.


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