São Paulo, domingo, 04 de fevereiro de 2007

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ASSÉDIO IMOBILIÁRIO

Venda deve ter preço de mercado

Para especialistas, melhor opção é trocar terreno por apartamento que será construído

DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo quem concorda em vender o terreno tem dificuldades para negociar com captadores. A causa da insatisfação, nesse caso, é o preço.
Ao receber uma proposta, deve-se buscar o parecer de um corretor ou de um engenheiro.
Na definição do valor, o que conta mais é o terreno e o seu potencial construtivo: qual a metragem que poderá ser edificada -e vendida- pelo incorporador, segundo leis de uso e ocupação do solo.
"É diferente da avaliação do imóvel, que pode valer pouco, por exemplo, por causa da idade da construção", orienta o advogado Daphnis Citti, 59.
Tente obter o valor de mercado do terreno, mas não espere por superofertas. "As construtoras trabalham com margens de lucros mais apertadas que nas décadas de 70 e 80, quando as vendas eram garantidas", diz o corretor Maled Fakhouri.
Atualmente as construtoras buscam terrenos com metragem a partir de 5.000 m2, resultantes da reunião de lotes, para erguer condomínios-clubes, com grande área de lazer.
Obter o preço solicitado não basta. Antes de fechar o negócio, investigue a idoneidade do comprador para afastar a possibilidade de sofrer um golpe.
As formas de pagamento também merecem atenção. A mais comum é a permuta do lote por uma unidade no prédio que será construído.
Ainda que o risco de ficar a ver navios seja maior -caso o empreendimento não saia do papel-, essa opção é considerada a mais recompensadora pelo presidente do Cofeci (conselho federal de corretores) João Teodoro da Silva, 55.
"A remuneração por metro quadrado é melhor, pois o negócio é fechado pelo preço de custo [do apartamento]", diz.
A secretária aposentada Cristina Grecco, 52, e o pai dela, o porteiro aposentado Rubens Grecco, 80, concordam em vender a casa em que moram, no Cambuci (centro), mas acham baixa a proposta que receberam -R$ 90 mil.
"Passamos 30 anos juntando dinheiro para comprar essa casa e precisaríamos de pelo menos R$ 120 mil para pagar por outra similar", argumenta a filha. Segundo ela, a construtora pressiona-os, ameaçando demolir a casa geminada à deles.
A assistente comercial Mônica Albano, 27, virou o jogo. Ela soube que um empreendimento só seria viável caso seu lote fosse incorporado: "Minha casa foi a última a ser comprada. Se não pagassem o que eu pedisse, perderiam o investimento. Não pedi nada exorbitante, só não aceitei permuta".

Casa nas costas
A memória de casas que serão demolidas vai virar um documentário com lançamento previsto para julho deste ano. "Os moradores escolhem imagens e sons que desejam guardar", conta o cineasta Andre Costa, 34, da Caracol Filmes (0/xx/11/3483-9663).
O projeto surgiu quando um conhecido pediu-lhe para fazer um vídeo da casa que daria espaço a um espigão e não se encerra no documentário. "Captaremos histórias por cinco anos e divulgaremos em sites e para associações de bairros."


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