São Paulo, domingo, 06 de julho de 2008

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Quebra-cabeças no Pacaembu

Resolução baixada pelo secretário estadual de Cultura permite que lotes sejam aglutinados e divididos no bairro; moradores temem surgimento de vilas e condomínios

Marcelo Justo/Folha Imagem
Prefeitura e Condephaat dizem que será mantido o padrão de ocupação unifamiliar

CRISTIANE CAPUCHINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O perfil do Pacaembu (zona oeste) pode mudar devido a uma resolução que altera a preservação histórica do bairro.
Baixada pelo secretário de Cultura do Estado de São Paulo, João Sayad, ela libera o remembramento de terrenos, desde que com autorização do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo).
Enquanto incorporadores esperam a consolidação da lei para definir possibilidades de uso, a associação de moradores teme a especulação imobiliária.
Para Pedro Py, presidente da Viva Pacaembu, a alteração afrouxa critérios de preservação sem discussão prévia. "A autorização foi despótica", diz.
Os terrenos do bairro, que têm em média 500 m2 pelo desenho original -criado na década de 1920 pela Companhia City-, poderão formar lotes maiores com a mudança, publicada em 17 de junho e que já foi parâmetro para unir dois terrenos na rua Livreiro Saraiva.
Segundo Juliana Prata, vice-presidente do Condephaat, foi autorizada a demolição de duas casas e a construção de uma unidade no centro dos dois terrenos, respeitando o critério de baixa densidade populacional.

Preços em alta
Para a associação, um lote de 1.216 m2 -dobro da média de área dos da quadra- antecede a criação de vilas. "Será mantida a ocupação unifamiliar", refuta Ronaldo Bianchi, secretário-adjunto de Cultura.
Consultores imobiliários estão otimistas quanto à valorização do bairro -residencial nas proximidades da avenida Paulista. José Viana Neto, presidente do Creci-SP (conselho de corretores), prevê altas de demanda e de valores sem as "amarras para construir".
Viana entende que haverá maior aproveitamento dos terrenos, que têm seus recuos e coeficiente de ocupação determinados pelo tombamento.
Silvio Passarelli, professor da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado) e que foi consultor imobiliário, vê na topografia recortada dos lotes um empecilho para o mercado.
"Se houvesse um boom imobiliário, seria no Jardim América [de relevo plano]", diz, em relação ao bairro edificado pela mesma empresa e que permite há anos o remembramento.
Para Celso Amaral, diretor da Amaral d'Ávila Engenharia de Avaliações, o maior problema do Pacaembu é "a utilização comercial de áreas estritamente residenciais", motivada pelos altos valores da Paulista.


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