São Paulo, domingo, 07 de julho de 2002

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MERCADO

Recomendação é aguardar até que o papel apresente maior liquidez

"Não é hora de investir em FIIs", dizem especialistas

DA REPORTAGEM LOCAL

O entusiasmo do mercado imobiliário em relação aos FIIs (fundos de investimento imobiliário) bate de frente com o ceticismo de especialistas em finanças pessoais. Isso porque, para eles, a aplicação em FII não passa de uma promessa a ser concretizada.
"Teoricamente, é um excelente investimento para diversificação. Mas, como é um mercado muito novo, sem histórico, é preferível esperar mais um pouco", recomenda o professor do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais) Marcelo Guterman, 36.
Ele compara os FIIs ao investimento em boi gordo. "É outro tipo de aplicação que estourou em um determinado momento, virou moda e depois deu sérios prejuízos para quem apostou", opina.
Crítico ferrenho dos FIIs, o professor da EAESP-FGV (Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas) William Eid Jr. censura o "excesso de promessas" desses fundos.
"As rentabilidades estão longe de ser um espetáculo, pois 1% ao mês é fácil de ser conseguido em qualquer lugar, e ainda é preciso acreditar que "terá rentabilidade", "haverá mercado secundário" e "existirá diversificação". Então é melhor esperar sentado", ironiza.
Para ele, o investimento só compensa para quem possui patrimônio superior a R$ 1 milhão e não precisa preocupar-se com liquidez. "Definitivamente não é para a classe média, pois, se tiver uma urgência, como vai recuperar o dinheiro investido?", indaga.

Contra a maré
Já o matemático José Dutra Vieira Sobrinho não vê motivos para sair de aplicações como o fundo de renda fixa (veja comparativo no quadro ao lado): "Se é para pôr dinheiro em algo mais seguro, que seja em uma aplicação rentável, o que não será, nos próximos anos, caso do FII".
Mesmo sabendo das desvantagens, o engenheiro Luiz Augusto Laurino, 45, assumiu o risco. "Sei que investir pensando em curto prazo é perder dinheiro, mas não transferi dinheiro do fundo DI. Era uma reserva que será útil para minha aposentadoria", justifica.
O administrador Cássio Dias, 45, também está confiante: "Com o que investi não dava para comprar um imóvel, por isso achei interessante a opção. E, se precisar de dinheiro, diminuo o preço até encontrar o comprador", afirma.
Para quem está realmente disposto a ser cotista de um fundo imobiliário, os próprios estruturadores de fundos dão as dicas: "Deve-se cuidar para não comprar cotas mais caras por causa da efervescência do momento", aconselha Miguel Giacummo, 39, gerente da Binswanger Brasil. "Avalie bem a rentabilidade do imóvel." (CÁSSIO AOQUI)

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