São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2004

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BOOM

Região do Tatuapé é a segunda em crescimento em São Paulo; apartamentos são mais baratos que similares em áreas nobres

Luxo da zona sul custa menos na zona leste

Fernando Moraes/Folha Imagem
Detalhe de conjuntos de prédios de alto padrão no Jardim Anália Franco


EDSON VALENTE
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Direita, volver. Cercada e saturada em outras frentes, a cidade de São Paulo canaliza seu movimento de expansão para a zona leste e vê surgirem verdadeiros oásis de alto padrão na região, com apartamentos comparáveis aos de bairros nobres como Morumbi, Higienópolis ou Moema -só que com preços mais baixos.
O Tatuapé e suas cercanias, que incluem o valorizado Jardim Anália Franco (no distrito de Vila Formosa), são o ponto culminante desse crescimento. Números da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio) não deixam dúvidas: o número de lançamentos residenciais no local tem crescido nos últimos dois anos, sendo que o total de área lançado aumentou 79% entre 2001 e 2003.
"Foi a segunda região que mais cresceu na capital, só perde para o Morumbi", diz Luiz Paulo Pompéia, 50, diretor da Embraesp.
Já o preço do metro quadrado de área útil atingiu R$ 2.140,20, em média, no último ano, ainda abaixo da média da cidade (R$ 2.628,79) e longe da dos Jardins (R$ 4.504,80).
Outro núcleo de desenvolvimento é o Jardim Avelino, na Vila Prudente, onde prevalece o alto padrão. "A área é residencial, com predominância de casas, mas com grande expansão do número de prédios", qualifica Sérgio Ferrador, 50, conselheiro do Secovi-SP (sindicato das imobiliárias).
Diversos fatores contribuem para a valorização desses bairros -a começar pelo espaço. "Existem muitos terrenos à venda, de áreas grandes, diferentemente de outras zonas muito adensadas", explica Ferrador. "Na leste, há muito o que crescer."
A infra-estrutura local é outra vantagem. De acordo com João Freire d'Avila Neto, 45, diretor técnico da Amaral d'Avila Engenharia de Avaliações, o morador do Tatuapé não precisa mais sair de lá para fazer compras. "O bairro tem excelentes restaurantes e comércio nobre."
O caminho aberto pela linha do metrô foi logo seguido pelos shopping centers. "Eles alimentam o desenvolvimento imobiliário", define o urbanista Alberto Botti, 72. Hoje são três os grandes na região: Anália Franco, Silvio Romero Plaza e Metrô Tatuapé. Este último ampliará suas instalações, com um investimento de R$ 80 milhões na construção de 20.700 m2 de lojas e um teatro.

Status
Comprar um imóvel no Tatuapé, no Jardim Anália Franco ou no Jardim Avelino virou um símbolo de status. "Migram para esses pólos pessoas de outros distritos da própria zona leste, como Itaquera ou Guaianazes, que experimentam ascensão social", caracteriza D'Avila Neto.
Ou ainda quem busca melhorar a qualidade do que possuía em outros locais, caso do administrador Rogério Soares, 33, que morava no centro e se mudou para um sobrado no Tatuapé. "Queria unir a estrutura que tinha com um perfil mais "de bairro". O metrô fica a 500 metros de casa."
Mas nem tudo melhorou: sua rua costuma alagar com as chuvas, o que não ocorria no lar anterior, perto da praça da República.
Os antigos moradores do bairro nem sempre vêem com bons olhos a chegada dos "forasteiros" e o ônus do progresso.
"Os bares da região tornaram-se uma coqueluche. Queremos o sossego de volta", queixa-se Waldir Fratucci, 65, presidente da Sociedade Amigos do Tatuapé.



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