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Toma lá, dá cá
DÉBORA FANTINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Se falta dinheiro para a compra da casa própria, uma alternativa é pagar por ela na mesma moeda -outro imóvel. O
"câmbio", porém, costuma desvalorizar o bem dado como parte do pagamento em até 20%.
O "toma lá, dá cá" propriamente dito -troca sem envolver dinheiro- é raro no mercado imobiliário do Brasil.
Mas a dação em pagamento,
operação em que um imóvel de
valor inferior é usado para quitar parte do preço, corresponde
a 20% das transações intermediadas por imobiliárias e consultorias, segundo estimativa
do Cofeci (Conselho Federal de
Corretores de Imóveis).
A FGi Negócios Imobiliários
colocou no ar neste mês o site
www.permutimovel.com.br.
Inédito no Brasil, o serviço faz
"casamentos de interesse" entre pessoas e construtoras em
busca de trocas imobiliárias.
O cadastro, válido para todo o
país, é gratuito, e a FGi intermedeia negociações. "Há quem
ignore que algumas construtoras aceitam a prática", avalia o
diretor, Feliciano Giachetta, 51.
As permutas, porém, vêm diminuindo devido às facilidades
de financiamento, além de não
serem o melhor dos negócios.
"[Com o financiamento] ganha-se um prazo para vender o
imóvel pelo preço de mercado,
já que, na permuta, costuma-se
receber menos do que ele vale",
explica o presidente do Cofeci,
João Teodoro da Silva, 55.
As construtoras contabilizam o "imóvel-moeda" a um
valor de 10% a 20% inferior ao
de mercado para compensar
gastos, como transferência de
escritura e comissões, e revendê-lo rapidamente -sem lucro,
mantendo a desvalorização.
O diretor de marketing do
Secovi-SP (sindicato da habitação) e da imobiliária Itaplan,
Fábio Rossi, 40, diz considerar
10% um preço alto a se pagar
por comodidade e, em razão
disso, desaconselha a permuta.
"Financie a compra, venda o
seu e aplique o dinheiro, que
pode render mais que os juros
do financiamento", sugere.
Construtoras e incorporadoras se dividem quanto à prática
de aceitar uma moeda feita de
cimento e ferro.
A Tecnisa, por exemplo, não
adota a permuta. "Imóvel não é
capital de giro. Teríamos que
arcar com condomínio e impostos", justifica o corretor André Luiz dos Santos, 23.
Troco
Já a Lider mantém há dez
anos o programa "Troque as
Chaves". Transações com troca
representam 30% das vendas
da construtora, e, de acordo
com o superintendente de negócios, Marcus Vinícius Campos Duarte, 44, o estoque de
usados da empresa é baixo.
"Uma consultoria avalia os
imóveis, e só aceitamos os que
têm liquidez", ressalta.
Construtoras aceitam usados
como pagamento de lançamentos, de imóveis de alto padrão e
de unidades "encalhadas". Em
todos os casos, desde que o
"troco", parte em dinheiro, seja
de ao menos 60% -o mais comum é que o usado corresponda a 20% do preço do novo.
"Dependendo da condição de
pagamento desse troco, aceitamos imóvel cujo valor seja de
até 70% do preço", afirma José
Carlos Anitablian, 32, diretor
da construtora Cáucaso, cadastrada no site Permutimovel.
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