São Paulo, domingo, 09 de março de 2008

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Cada planta, uma sentença

Customizar projeto e acabamentos do apartamento comprado na planta costuma encarecê-lo

DÉBORA FANTINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Morar em apartamento não é sinônimo de viver numa pilha de imóveis idênticos. Há cerca de uma década, as construtoras paulistanas oferecem aos compradores a possibilidade de adaptar as plantas ao seu sonho de consumo imobiliário.
Mas é preciso acordar para o fato de que nem tudo é onírico nessa flexibilidade arquitetônica. Geralmente o projeto tem de ser feito pelo arquiteto indicado pela construtora -e o imóvel pode custar mais.
"Tudo que foge ao padrão tem custo equivalente ao de uma obra particular", alerta a arquiteta Adriana Frangioni.
"Além da compra de material e da contratação de mão-de-obra especializada, cobra-se uma taxa administrativa", diz José de Albuquerque, gerente de incorporações da Company.
Empregar arquiteto particular é mais comum em empreendimentos luxuosos. Nos mais simples, há ao menos três plantas e três kits de acabamento.
Para o engenheiro Hermenegildo Antunes, 55, e sua mulher, Mitsuko, as cem plantas da construtora não foram suficientes: eles traçaram a 101ª.
A planta padrão era de um quatro-quartos de 280 m2. Antunes eliminou um quarto -integrando escritório e sala de TV- e um dos banheiros -aumentando o da suíte de casal.
Geralmente a centena de opções não é assim tão variada. "Algumas são combinações de duas ou três outras", aponta a arquiteta Karen Pisacane, que diz que o tratamento das construtoras difere de acordo com o número de unidades: "Quando é um apartamento por andar, toda solicitação é atendida".

Restrições
Já a experiência com seu próprio apartamento foi problemática. Eram três as opções de acabamento, mas, segundo ela, faltou clareza do corretor. "Quando pedi um granito preto e louças do melhor kit, falaram que não dava mais tempo."
Para evitar o problema, é importante solicitar que esse dado seja incluído no contrato.
Para obter a planta, ela teve de recorrer aos arquitetos contratados pela construtora -esta disse que só passaria o projeto após a entrega das chaves. E teve tempo limitado para fazer medições no apartamento.
"Deram apenas meia hora, quando, para fazer uma boa medição de armários, leva-se cerca de uma hora e meia."
As construtoras argumentam que a entrada do arquiteto particular na obra não é autorizada por segurança. "Ele pode procurar o departamento de engenharia", sugere o diretor da Stan André Neuding Filho.
Uma vantagem de a construtora fazer as obras é manter a garantia de cinco anos. Troca de piso de áreas molhadas, por exemplo, invalida a garantia da impermeabilização. Outra é não ter restrições como as de obras nos finais de semana impostas pelos condomínios.


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