|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ALTO PADRÃO COM DESCONTO
Desvalorização do m2 chegou a 19%
Baixa teve seu pico em janeiro e passou a 6,6% em março; consultores projetam continuidade do cenário
DA REPORTAGEM LOCAL
Após a queda de vendas a
partir de outubro e a dificuldade de obter crédito em bancos
privados para valores maiores,
o mercado de usados se depara
com outro momento do jogo.
Apartamentos de mais de oito anos (com uma ou duas unidades por andar) adquiridos
em março tiveram queda de
6,6% no preço de venda do metro quadrado em relação a fevereiro em bairros mais nobres,
como Moema (zona sul), Morumbi e Perdizes (zona oeste).
O preço do metro quadrado
negociado para bens entre oito
e 15 anos com até quatro unidades por andar já tinha diminuído 19,16% em fevereiro e, para
os com mais de 15 anos, 8,31%,
segundo pesquisa do Creci-SP
(conselho de corretores) em
461 imobiliárias.
Na opinião do consultor de
finanças pessoais Fabiano Calil, há mostras de que a desvalorização deve continuar: "A curva do mercado já está virando,
percebemos uma tendência de
depreciação dos imóveis".
O tempo de venda de imóveis
residenciais com valores acima
dos R$ 500 mil tem superado
os seis meses.
Nos anos de 2007 e 2008,
com o boom imobiliário e a valorização de terrenos, os imóveis usados tiveram alguma
elevação de preço na toada dos
edifícios novos sendo lançados.
Vários proprietários fecharam bons negócios naquele
momento e empurraram para
cima os valores de oferta.
"Muitos colocam o imóvel
para vender porque souberam
que o vizinho vendeu por um
determinado preço", afirma
José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP.
"Quando o proprietário coloca à venda e pede um valor sabe
que os interessados vão regatear", explica Roseli Hernandes, gerente da Lello Imóveis.
Panorama
No mercado de usados, a faixa entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão tem boa oferta. "Temos
um estoque grande nesse patamar, mas estamos com movimentação", afirma Lucas Penteado, da Pronto! Imóveis.
Aos já existentes, logo serão
somados apartamentos em fase
de construção, lançados em
2007 e 2008. No ano passado,
5.158 unidades nessa faixa de
preço foram colocadas à venda,
segundo dados do Secovi-SP
(sindicato do setor) e da Embraesp (Empresa Brasileira de
Estudos de Patrimônio).
Tendo isso em vista, Calil
confirma que recomendou aos
clientes com intenção de venda
dos imóveis que dessem descontos de 10% a 20% do valor
de mercado.
Mesmo após orientações, a
decisão de descontos normalmente é tomada ao perceber dificuldades na venda, segundo
corretores ouvidos pela Folha.
Os interessados no setor devem estar atentos aos gastos
cotidianos com o bem. "Um
imóvel desse porte tem um
custo muito elevado de manutenção, com IPTU [Imposto
Predial e Territorial Urbano] e
condomínio", alerta Calil.
O consultor indica que se
analise o patrimônio familiar.
Para quem tem mais que 50
anos, investir mais da metade
do patrimônio em um imóvel
não é uma boa estratégia.
Nessa fase, investimentos
devem ser variados e não se
concentrar em um bem com
baixa liquidez devido à perspectiva de aposentadoria, diz
Calil.
(CRISTIANE CAPUCHINHO)
Texto Anterior: Alto padrão com desconto Próximo Texto: Venda cresce com crédito da Caixa Índice
|