São Paulo, domingo, 11 de julho de 2010

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Segunda opinião

Mais crédito faz famílias comprarem outro imóvel, mas consultores alertam que não é o momento adequado

MARIA CAROLINA NOMURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O cenário de estabilidade econômica, inflação e juros baixos e prazos mais longos para a amortização da dívida no crédito imobiliário tem levado muita gente a pensar na compra não só da primeira casa própria mas também de um segundo imóvel.
Essa expansão do patrimônio -uma moradia maior ou mesmo um apartamento na praia ou um bem para os filhos-, contudo, não é recomendada para o momento atual, de acordo com especialistas ouvidos pela Folha.
"A não ser que seja uma necessidade da família, porque cresceu, a época não é muito indicada para trocar de imóvel porque o mercado está inflacionado", analisa Keyler Carvalho Rocha, professor do Laboratório de Finanças da FIA (Fundação Instituto de Administração).
"O mercado imobiliário é cíclico. Agora é um momento de alta, o aumento de emprego traz o aumento de renda e, por isso, todos os preços estão lá em cima. Mas, em alguma ocasião, eles vão cair, e essa será a melhor hora de investir em um segundo imóvel", reflete.
O consultor de investimentos Márcio Nobre corrobora essa opinião ao dizer que, para adquirir um segundo imóvel agora, "só se for uma questão de necessidade". A título de investimento, considera, não é a época ideal por os preços estarem muito maiores que o "justo".

CRÉDITO
O aquecimento do setor é fomentado, segundo especialistas, pela maior disponibilidade de financiamento.
Dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) apontam que o montante das operações de crédito imobiliário contratado no primeiro quadrimestre de 2010 foi 74% superior em relação ao do mesmo período de 2009 e 90% maior comparado ao de 2008.
"As famílias estão se unindo para compor renda para adquirir um imóvel para os filhos", cita Flávio Prando, vice-presidente do Secovi-SP (sindicato de administradoras e imobiliárias).
Foi esse o objetivo da médica Eliana Rodrigues, 55, ao comprar um segundo imóvel, a ser pago em 25 anos, em uma região mais central da capital paulista.
"Eu moro na zona leste, que é muito na contramão das oportunidades de trabalho de meus filhos, para quem esse apartamento ficará", explica.


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