São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 2003

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NEGÓCIOS

Pessoas físicas redescobrem a aplicação nos empreendimentos imobiliários em sociedade com as empresas do setor

Parceria com construtora atrai investidor

Fernando Moraes/Folha Imagem
O apresentador de TV Luciano Huck, que prefere aplicar em lofts


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A participação de pessoas físicas em parcerias com incorporadoras e construtoras nos empreendimentos imobiliários vem aumentando e hoje já não está mais restrita aos "milionários".
O auge dessas iniciativas ocorreu na década de 90, quando o número de negócios chegou a crescer a um ritmo de 75% em alguns anos. Até então, só os aplicadores muito abastados participavam.
Hoje essas parcerias são responsáveis por quase a totalidade da carteira de algumas construtoras especializadas. Os investimentos começam na faixa dos R$ 30 mil.
Boa parte dos novos empreendimentos em áreas valorizadas de São Paulo, como Itaim Bibi e Jardins, é feita por meio da sociedade entre construtoras e investidores.
A construtora Bratke & Collet é uma das pioneiras. Ergueu seu primeiro prédio na região da avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini, em 1975, com mais sete investidores. Hoje, tem 60 na região, todos construídos em sociedade.
Cerca de 95% dos seus negócios vêm dessas parcerias, feitas com quase cem investidores, que atuam como pessoa física ou criam uma empresa para aplicar.
"Construo para locar, e o investidor compra uma ou mais unidades. Seu perfil é o de quem pode "imobilizar" capital por pelo menos três anos, tempo médio para um empreendimento ficar pronto", diz Roberto Bratke, 65, sócio.
A incorporadora Stan também se especializou no segmento. Cerca de 80% da carteira é sustentada por sociedades com investidores.
André Neuding Filho, 29, sócio da Stan, afirma que "poucas vezes" sua incorporadora, aberta há 58 anos, recorreu a financiamentos bancários. "A sociedade com investidores pessoas físicas é nossa especialidade", afirma.

"Caldeirão" de sócios
Ele explica que existem dois tipos de investidor: o de giro e o patrimonial. Ambos são conservadores. "O primeiro quer ter segurança e um rendimento superior ao da renda fixa. Já o segundo deixa seu capital aplicado por mais tempo e geralmente aluga o imóvel depois de pronto ou o mantém para uso próprio", diz ele.
O apresentador de TV Luciano Huck, 31, aderiu à idéia. "Invisto há seis anos nesse mercado. Montei até uma empresa para cuidar disso [a Farah, Huck Empreendimentos]." Ele diz que prefere os lofts. "São construções de fácil comercialização e que me dão um retorno financeiro interessante."
José Romeu Ferraz, vice-presidente do Sinduscon-SP (sindicato das construtoras), diz que essas parcerias proliferam em épocas de incertezas. "São um investimento incompatível com taxas de juros baixas, pois, nessas horas, é mais fácil buscar um empréstimo bancário." (VALDETE DE OLIVEIRA)


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