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São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2003

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MEGALANÇAMENTO

Associação de moradores, que já embargou projeto há 3 anos, diz que deverá ser contra prédios de 26 andares

Fernando Moraes/Folha Imagem
O Alto de Pinheiros observado da praça Cel. Custódio Fernandes Pinheiro, conhecida como praça do Pôr-do-Sol


Alto de Pinheiros se defende contra torres

EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Depois do Les Jardins, que deverá ser entregue nesta semana, outro megalançamento, previsto para março de 2004, já mobiliza a Saap (Sociedade dos Amigos do Alto de Pinheiros): o Residencial Villa Lobos, na avenida das Nações Unidas, ao lado do shopping (zona oeste) -um condomínio de nove torres de 26 andares.
Os grupos Oscar Americano e Espírito Santo -responsáveis por empreendimentos do porte do shopping Villa Lobos e do residencial Place de Vosges, no Jardim Guedala (zona sul), que tem arquitetura inspirada em um palácio francês- são os incorporadores e guardam a sete chaves detalhes do condomínio.
Responsável pelo projeto arquitetônico, Júlio Neves, 71, que tem em seu currículo o shopping Villa Lobos, também não adianta nada. "Há um contrato de sigilo", argumenta. O mesmo acontece com Isabel Duprat, 48, paisagista contratada. Mistério à parte, o conjunto residencial já foi aprovado na Prefeitura de São Paulo.
E, de acordo com a consultoria Embraesp, no terreno de 34 mil metros quadrados deverão ser erguidas nove torres de 26 andares cada, com 216 apartamentos (de 260 m2 a 405 m2) e 117 mil metros quadrados de área construída. No Alto de Pinheiros, o preço médio do metro quadrado dos quatro-dormitórios é de R$ 3.450.
É justamente no tamanho das torres do Residencial Villa Lobos que começa o problema dos empreendedores com os moradores do distrito. "Um padrão de verticalização desse porte não é adequado para a região", argumenta Paulo Bastos, 67, arquiteto e urbanista, ex-presidente da Saap e hoje membro do conselho do grupo.
"No caso da Tecnisa [Les Jardins], a Saap tomou providências em relação a prédios com 25 metros de altura. Estes [Villa Lobos] calculo que terão mais de 70 metros. Vamos nos mobilizar", diz. "Queremos analisar o projeto", emenda Maria Barretto, 49, vice-presidente da associação.
No caso do Les Jardins, a disputa foi vencida pelos moradores. Após dois anos e meio de paralisação das obras, o projeto foi alterado. Nesta semana, as chaves das 192 unidades (seriam mais de 300), em seis prédios de oito andares (seriam dez torres), vão ser entregues aos donos. "Cedemos à pressão para atender às expectativas sociais do bairro", diz Romeu Busarello, 37, diretor da Tecnisa. "Estávamos, desde o começo, rigorosamente dentro da lei."
O Alto de Pinheiros se caracteriza pela presença de empreendimentos de alto padrão. Nos últimos oito anos, só foram lançados três-dormitórios e quatro-dormitórios (ver quadro), totalizando 14 condomínios -7 de casas. Na média, o preço do metro quadrado dos três-dormitórios foi 81,4% maior que o da média da cidade.



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