São Paulo, domingo, 14 de fevereiro de 2010

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LANÇAMENTOS NA CHUVA

Localização compensa enchente, diz comprador

Prefeitura não confirma melhorias na Vila Leopoldina e na Pompeia

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A possibilidade de morar perto de grandes vias de tráfego e em um bairro estruturado leva compradores a deixarem de lado o histórico de enchentes de algumas áreas da cidade.
"Aquilo [lotes entre a avenida Imperatriz Leopoldina e a marginal Pinheiros] não valia nada. Agora as construtoras vendem a preços altos", diz Henrique Garoni, 31, diretor da Garoni Imóveis, empresa tradicional da Vila Leopoldina.
Para ele, o acesso estratégico do bairro -na ligação entre as marginais Pinheiros e Tietê e perto do Rodoanel- atrai muita gente de outras zonas.
Na Pompeia, a valorização das ruas mais baixas, como a Venâncio Aires, vai no embalo da construção de um shopping, além do corredor de ônibus e da proximidade com o metrô.
"As pessoas aceitam comprar porque o local é bom, perto do [shopping] Bourbon", confirma Francisco Santana, 69, corretor imobiliário da região. Moradores da vizinhança, porém, reclamam de alagamentos com água para cima da cintura.

Promessas
Incorporadores discursam sobre o potencial dessas áreas, projetos públicos de recuperação e a pressão da especulação imobiliária em seu desenvolvimento. "As construtoras interferem nas melhorias", avalia Amilton Júnior, diretor de vendas da imobiliária Pronto!.
Há ainda a questão dos potenciais construtivos que a prefeitura vende às empresas para, com o dinheiro, realizar obras nos bairros. "Estamos no início do processo de desenvolvimento", confia Luiz Henrique Vasconcellos, diretor de incorporação da MaxHaus, referindo-se à Vila Leopoldina.
Mas a operação urbana -melhorias urbanísticas feitas pelo poder público- que é tão falada na região ainda não tem previsão alguma por parte da prefeitura. Por não ser prioritária, não há cronograma, informa a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano.
"Acredito que vá melhorar, mas a longo prazo", diz Marcio Monteiro, 32, comprador na avenida Mofarrej.
Na Pompeia, apesar de a reportagem da Folha ter ouvido de corretores a promessa de um piscinão, até o momento a prefeitura confirma apenas um projeto de drenagem em elaboração, também sem data.

Cuidados na compra
Informação é a maior arma do comprador contra garantias falsas ou pouco úteis.
A reportagem ouviu nos diversos lugares que visitou corretores dizendo que não havia enchentes por ali, apesar das fotos em jornais, dos relatórios do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) e de os vizinhos dizerem o contrário.
No Ipiranga, toda a área entre a rua Guarda de Honra e a avenida do Estado enfrenta enchentes, conta Romualdo Cardoso da Silva, auxiliar administrativo de uma imobiliária e morador da região. "Mesmo assim estão construindo dois empreendimentos por ali", diz.
Ele se prepara para pedir isenção do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). "Há problemas todo ano e ainda chega o boleto do imposto." (CC)


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