São Paulo, domingo, 15 de outubro de 2006

Texto Anterior | Índice

CONDOMÍNIO

Síndico experimenta "a dor e a delícia" no exercício da função Ocupante do cargo responde civil e criminalmente por ocorrências no prédio

DA REPORTAGEM LOCAL

"Eu trabalho de manhã, à tarde e à noite, porque temos 58 funcionários que se revezam em turnos, e acho importante ter o contato pessoal com eles", conta a síndica Carmen Aparecida Tankus Gallep, 53, que exerce o cargo há um ano e meio em um condomínio de 1.024 apartamentos.
Ao contrário do que geralmente acontece, em vez de ser isenta da mensalidade condominial para desempenhar a função, Gallep é contratada como autônoma por um salário que "chegou a R$ 1.000, decidido em assembléia".
"Mas a tarefa não é simples", afirma. "O mais difícil é ter de lidar com 4.000 pessoas e responder por problemas que não vêm da minha administração, como processos trabalhistas de ex-funcionários", lamenta.
Esse caso ilustra bem os dois lados da moeda da função de síndico. Eventuais ganhos na conta bancária costumam ser mais que "compensados" por desafios e dores de cabeça que exigem preparo e boa vontade.
Hubert Gebara, 69, vice-presidente de administração imobiliária e condomínios do Secovi-SP, ressalta que "o síndico responde civil e criminalmente perante o condomínio".

Lista
"Poderá ser incriminado se omitir, por exemplo, que um funcionário da portaria dorme e permite que o prédio seja invadido, ou ainda se tiver sido notificado pela administradora de que extintores estão vencidos e não tomou providências."
A relação de tarefas sob sua responsabilidade é extensa. "Cumprir e fazer cumprir a convenção, administrar o dinheiro do condomínio e a gestão do pessoal [admitir e demitir funcionários, treiná-los, orientar, fiscalizar], prezar pela manutenção do edifício, por sua preservação e pelo cumprimento das legislações", enumera o diretor-superintendente da Lello, Antonio Couto, 48.
Assim, é recomendável que o candidato tenha conhecimentos de Código Civil, CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), Código de Defesa do Consumidor e Lei do Inquilinato.
Mas o bicho-de-sete-cabeças pode ser ao menos parcialmente decepado, alenta Gebara.
"Basta se estruturar, ter uma boa administradora, com equipe que divida funções. Hoje em dia, uma única pessoa não tem tempo de fazer tudo sozinha."
(GIOVANNY GEROLLA)


Texto Anterior: Contrutora tenta barganhar despesas ao reparar defeitos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.