São Paulo, domingo, 17 de novembro de 2002

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PLANO DIRETOR EM DEBATE

Moradores pedem mudanças no zoneamento para privilegiar comércio legal e moradia popular

Camelódromo e abandono desafiam Brás

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Ambulantes, estrangeiros, confecções, galpões. O Brás é uma espécie de torre de Babel. Em meio a essa impressionante mistura de grupos e de atividades, os moradores querem conservar o patrimônio de uma das regiões mais tradicionais da cidade.
Antes industrial, o distrito (que contém o bairro do Brás) viu fabricantes como a Souza Cruz (cigarros) abandonarem suas atividades produtivas no local. Hoje, há muitos galpões abandonados.
"Se alterassem a lei de zoneamento, poderia ser despertado o interesse de construtoras e imobiliárias", acredita Roberto de Almeida, 53, presidente do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) Brás-Mooca.
Adensar parece mesmo ser uma hipótese viável, opina Eduardo Della Manna, diretor do Secovi-SP (sindicato das construtoras e imobiliárias). "Pode-se incrementar o uso residencial para camadas sociais de baixa renda, ajudando a revitalizar o centro."
Almeida, do Conseg, aponta aquele que diz considerar o grande problema do Brás: a presença excessiva de camelôs, sobretudo no largo da Concórdia, que, segundo ele, prejudicam o comércio formal e sujam as ruas.
As associações de moradores também reclamam. "A má organização dos ambulantes depõe contra o bairro", declara Carlos Alberto Pereira, 44, presidente da Amabrás (Associação dos Moradores e Amigos do Brás).
Ele sugere que o Plano Diretor determine a ocupação de uma área específica, a fim de que "não atrapalhe os transeuntes". Outro aspecto que preocupa é a estruturação do distrito.

"Problemáticas"
"Temos um posto de saúde, pequeno e de difícil acesso", contabiliza Marina Ueno, vice-presidente da Associação do Bom Jesus do Brás. "Sentimos falta de um grande hospital e de redes de supermercado de médio porte."
De outro lado, nota-se a presença maciça de instituições sociais "problemáticas", como a Febem. "Geram insegurança e são como uma bomba prestes a explodir", define o presidente da Amabrás.
Existem ainda albergues que dão abrigo noturno a muitos moradores de rua que vêm de outras regiões da cidade. "Durante o dia, eles vagam pelo distrito", declara Roberto de Almeida.
"Há propostas de revitalização de algumas áreas, como as proximidades da rua Maria Marcolina", explica a subprefeita Harmi Takiya, 40. "Os comerciantes sugerem também uma espécie de turismo de negócios, já que muitas pessoas de fora do Estado vêm para fazer compras no distrito e ficam por dois ou três dias."
Esse fluxo de compradores faz com que faltem estacionamentos para ônibus fretados, lembra Pereira. "Poderia ser criada uma minirrodoviária para eles", sugere.
(EDSON VALENTE)


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