São Paulo, domingo, 18 de novembro de 2007

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Carrão não cabe na vaga

Tamanho de utilitários extrapola sobretudo na altura, e o de carros de passeio, na largura

DÉBORA FANTINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O carro e a vaga de garagem do prédio são feitos um para o outro, mas isso não significa que formem um par perfeito.
Incompatibilidade de medidas do espaço e do veículo é problema sobretudo para donos de utilitários, como o artista plástico Luciano Romeu, que tem um Land Rover Defender.
Ele diz que gostaria de instalar um bagageiro no teto do veículo, que mede cerca de 1,9 m de altura, mas, se o fizer, será barrado na vaga do prédio para o qual se mudou há dois meses.
"[O jipe] é de um modelo mais compacto, que não tem muito espaço para malas, mas já passa raspando", descreve Romeu, que comprou o apartamento na planta e já havia adaptado o portão da casa onde morava antes ao carro.
Com planos de se mudar novamente, ele diz que levará em conta a medida da vaga de garagem na escolha do imóvel.
A altura das vagas disponíveis não deve ultrapassar 2,3 m, medida estipulada pelo Código de Obras e Edificações da cidade de São Paulo para vagas grandes, que são minoria -a lei exige que correspondam a 5% do total de uma garagem.
A maior parte das vagas -pequenas e médias- deve ter uma altura mínima de 2,1 m. As medidas referem-se ao pé-direito livre.

Largos
"Tubulações, luminárias e outros itens fixados no teto não devem roubar nenhum centímetro", ressalta o vice-presidente de tecnologia do Secovi-SP (sindicato imobiliário), Alberto Du Plessis Filho.
No caso de carros de passeio, é a largura que não costuma bater com a das vagas padrão.
"Um carro médio tem cerca de 1,5 m de largura [um Ford Ka mede 1,63 m]. Numa vaga de 2 m, não se conseguem abrir direito as portas para sair do carro", descreve o arquiteto Fernando Freitas, especializado em projetos para construtoras.
O aposentado Nicanor de Souza precisa pular o banco do carona para sair de seu Ômega quando estaciona na vaga do prédio onde mora. "Já outro morador tem de parar o carro, desengatado e sem o freio de mão puxado, alinhado à vaga e empurrá-lo", conta Souza, que é o síndico do condomínio.
Por esses e outros problemas na garagem -como vagas em frente ao painel de medição de energia elétrica e em outros locais inadequados-, o condomínio processou a construtora.
A pendenga judicial levou nove anos -de 1993 a 2002-, o condomínio recebeu uma indenização, mas uma reforma da garagem não era viável. "O problema foi financeiramente resolvido, mas tecnicamente, não", lamenta o síndico.


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