São Paulo, domingo, 20 de agosto de 2006

Próximo Texto | Índice

Crédito na mão

Ana Carolina Negri/ Folha Imagem
A estudante de direito Ivys Faria alugou apartamento na Vila Madalena sem ter renda própria


Bancos ampliam alternativas de comprovação de renda e agilizam assinatura de contrato

EDSON VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A carteira de trabalho perdeu espaço na hora de comprovar renda para financiar ou alugar um imóvel. Bancos, imobiliárias e locadores têm diversificado as maneiras de se blindarem contra a inadimplência.
Além de novos planos com juros menores, os bancos passam a "vender" facilidades na comprovação de renda e agilidade na aprovação de crédito.
O contracheque não é mais exigido. Para atestar capacidade de pagamento, basta o extrato bancário. "Não ter renda formal não é empecilho", confirma Mauro Costa, superintendente de crédito imobiliário do Santander Banespa.
"Observamos um leque de opções de comprovação de ganhos, como declaração de Imposto de Renda e contratos de prestação de serviços. Para o profissional liberal, eles ficam em evidência na movimentação de conta corrente."
O banco firmou, em junho, parceria-piloto com a construtora e incorporadora Gafisa que até dispensa o atestado de rendimentos para aquisição na planta. "Só é feita uma consulta inicial a Serasa e SPC [Serviço de Proteção ao Crédito]", descreve Luiz Cruz, 30, gerente financeiro da Gafisa.
"Depois dos pagamentos da fase de obras, o banco analisa se as parcelas foram quitadas em dia com a construtora. Mesmo se perder o emprego, o comprador obterá o financiamento."
O plano já foi utilizado nas vendas de três lançamentos. "Do total dos negócios fechados nesses empreendimentos, 45% foram pelo projeto-piloto", dimensiona Cruz.
Outra facilidade criada pela empresa é computar o aluguel do mutuário na comprovação de renda. Se ele tem um gasto mensal de locação de R$ 1.000, por exemplo, esse valor automaticamente entra na conta do potencial de pagamento.
Para fechar negócio, o Bradesco abandonou, há um ano, a política de se prender ao contracheque. "Agora analisamos Imposto de Renda, movimentação de conta corrente e contratos de compra", lista Alexandre Glüher, diretor de empréstimos e financiamentos.
A aprovação do crédito também está mais rápida. "No Bradesco, girava em torno de 40 a 50 dias há um ano e meio", pontua Glüher. "Hoje, o contrato é assinado em um prazo médio de 20 a 25 dias." No Santander Banespa, a aprovação de crédito sai "em um prazo máximo de 24 a 48 horas", conta Costa.
Para Amauri Bellini, presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação, a "benevolência" dos bancos para fechar contratos se explica pelo "excesso de oferta" de capital para financiamento imobiliário, estimulado pelo governo. "Mas os juros estão altos."


Próximo Texto: Percentual de renda sobe
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.