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São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 2003

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BALANÇO

Oferta cresce, vendas caem e crédito escasseia; momento é ideal para obter descontos com propostas à vista

Mercado tem o pior desempenho dos últimos dez anos

EDSON VALENTE
E ELENITA FOGAÇA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Famílias com renda de até R$ 4.500 e que compraram imóveis financiados na faixa de R$ 80 mil salvaram o mercado imobiliário de São Paulo de um colapso geral. Dados divulgados pelo Secovi (sindicato de construtoras e imobiliárias) revelam que, em 2003, o setor teve o desempenho mais negativo desde o início do Plano Real (1994). "Pior do que esteve, não pode ficar", diz Romeu Chap Chap, 70, presidente.
A estimativa é que 2003 feche com 12.500 unidades vendidas, contra 14.732 de 2002 -queda de 15%. A maioria das transações (65%) envolveram imóveis de dois e três dormitórios, diferentemente das de 2002, quando prevaleceram os de alto padrão (acima de R$ 450 mil). "Essa era a grande expectativa para o ano, que terminou frustrando construtores e vendedores", analisa Ana Maria Castelo, 42, consultora da Fundação Getulio Vargas.
"No segundo semestre de 2002, com as altas do dólar e do risco Brasil, aliadas às incertezas do sistema financeiro, quem tinha dinheiro decidiu investir em imóveis, e isso representou uma promessa que não vingou em 2003", explica. "Os compradores de alto padrão passaram a aplicar no mercado financeiro altamente rentável", corrobora Chap Chap.
Com isso sobraram ofertas. Balanço da consultoria Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio) mostra que, até novembro, foram lançadas 5.081 unidades de quatro dormitórios. "Mas nem todas de alto padrão", observa Luís Paulo Pompéia, 50, diretor. Para ele, as vendas de imóveis estão em baixa em razão dos preços altos. "Os imóveis de dois quartos sofreram um aumento de 61% em relação a 2001. E, se o preço não cair em 2004, o estoque ficará encalhado", diz.

Compra à vista
Como existem muitos imóveis no mercado, "o comprador que tem dinheiro em mãos tem o privilégio de poder escolher entre várias opções e negociar descontos no preço final", afirma Sergio Vieira, 58, vice-presidente da imobiliária Coelho da Fonseca.
A estimativa da Embraesp é que, até 31 de dezembro, o número de lançamentos seja superior a 34 mil unidades. Mas, se os preços continuarem no patamar atual, não será com os recursos da Caixa Econômica Federal que a população conseguirá comprar a casa própria. Hoje, pelo FGTS, estão disponíveis R$ 3 bilhões para famílias com renda de até R$ 3.670 e que vão comprar imóveis de até R$ 72 mil, além de outros R$ 450 milhões para quem ganha até R$ 4.500 e vai adquirir um bem que não ultrapasse os R$ 80 mil.
Basílio Jafet, 46, vice-presidente de incorporações do Secovi, está confiante para 2004. "Há sinalização de que a CEF flexibilizará as condições de acesso ao crédito imobiliário e de que os recursos da poupança aumentarão."



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