São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2004

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O TRABALHO MORA AO LADO

Apartamentos de dois e três quartos são maioria, mas alto padrão prevalece em algumas regiões

Classes mais altas ocupam corredores de comerciais

FREE-LANCE PARA A FOLHA

As classes média e alta predominam no entorno de corredores de escritórios. Em bairros como Vila Madalena, Pinheiros e Vila Olímpia, são mais freqüentes os apartamentos de dois e de três dormitórios, segundo João d'Avila, sócio da Amaral d'Avila.
Os perfis de moradores, contudo, são variados. "A Vila Madalena tem caráter mais jovial e "descolado", em função da concentração de bares", caracteriza d'Avila. "Já Moema e Itaim Bibi congregam mais famílias, e os empreendimentos, de três e de quatro quartos, têm padrão mais alto."
O advogado Carlos Eduardo Valdejão, 35, confirma o perfil de "três-dormitórios familiar" do Itaim. Ele se mudou para lá com a mulher há quatro anos e optou por um apartamento de 120 m2 e três quartos, pois planejavam ter um filho -hoje com dois anos e meio de idade.
O advogado tinha um escritório na alameda Gabriel Monteiro da Silva, nos Jardins, mas diz que passou a se irritar com o "trânsito violento" que enfrentava para percorrer uma distância pequena entre a residência e o trabalho.
"No horário de pico, levava 40 minutos para andar três quilômetros", estima. Assim, comprou um outro escritório "na mesma rua de casa". "Chego em cinco minutos", conta. "E me relaciono mais com as pessoas da região, por andar a pé e não ter a "escravidão" do carro." Mas reconhece que os imóveis ali são mais caros. "É um bairro valorizado", afirma.
Áreas onde se multiplicam prédios de escritórios também abrigam lançamentos para moradia. "E favorecem o crescimento do comércio e da infra-estrutura", complementa Paul Weeks, 44, diretor da consultoria Cushman & Wakefield Semco.

Novos mercados
As regiões de alta concentração de escritórios que hoje mais crescem na cidade são a av. Engenheiro Luiz Carlos Berrini, a Vila Olímpia e a Nova Faria Lima.
"Na Berrini, há condomínios residenciais que tiveram boa liquidez em função da demanda de quem queria estar próximo do trabalho", exemplifica Miguel Giacummo, 41, gerente comercial da Binswanger Brasil, que estuda o mercado de escritórios.
Outro bairro que ganha opções mais sofisticadas é o Campo Belo, onde começam a prevalecer os quatro-dormitórios.
Executivos de boa renda buscam ali ruas largas e arborizadas. Na mesma região, o Brooklin é mais acessível. Apartamentos menos nobres, de dois dormitórios, às margens da Berrini, são os mais baratos.
E há mais mercados de residenciais desenvolvendo-se nos pólos comerciais. "Os projetos para a Vila Olímpia estão saindo agora", afirma Giacummo. "Há crescimento de empreendimentos no eixo [av. Pres.] Juscelino [Kubitschek]-Faria Lima, com apartamentos de alto padrão", aponta Sandra Ralston, 40, presidente da Jones Lang LaSalle.
O centro da cidade, outra área que congrega grande número de escritórios, tem apartamentos mais em conta para quem trabalha lá ou na região da av. Paulista.

Opção econômica
Atrás de um aluguel mais barato, a psicóloga Ana Maria de Freitas, 44, trocou a Vila Olímpia pela avenida São Luís. Alugou, há um ano e meio, um apartamento de um dormitório e gasta R$ 850 por mês com condomínio e aluguel.
"Meu deslocamento até o centro estava problemático", relata Freitas, que foi assaltada duas vezes em semáforos. "Ficamos no centro de segunda a sexta. Vamos para um sítio em Campinas nos finais de semana."
Hoje, diz, costuma andar muito a pé. "Encontro todos os serviços de que preciso, como cabeleireiro e lavanderia." (EV)


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