|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
A ERA DO EXTREMO
Morador aprecia SP longe do chão
Topo do residencial mais alto fica a 137 metros do solo; segundo no ranking está embargado
DA REPORTAGEM LOCAL
O administrador de empresas Jean Pierre Chevalier, 57,
habita o ponto imobiliário culminante de São Paulo. Seu
apartamento, no 33º andar do
edifício Mandarim, concluído
em abril deste ano, está a
120 metros de altura.
Enquanto os vizinhos dos andares superiores não chegam
-as unidades foram vendidas,
mas estão sendo personalizadas pelos proprietários-, Chevalier e sua mulher estão entre
os paulistanos que dormem
mais distantes do chão.
"A vista é muito bonita, não
tem quase nada na frente. Da
varanda, vejo a serra da Cantareira e o pico do Jaraguá. Janto
vendo as luzes da cidade", descreve Chevalier, que vê no
apartamento de 110 m2 um bom
investimento -avaliado em
R$ 450 mil- devido à localização, no Brooklin Novo (zona
oeste), perto de centros de negócio como as avenidas Engenheiro Luiz Carlos Berrini e
Brigadeiro Faria Lima. "A vista
é um atrativo extra."
"Baixinho"
O Mandarim arranha o céu,
mas bem de leve. Mesmo um
dos prédios mais altos de São
Paulo, o edifício Itália, com 165
metros e 44 andares, não chega
a "bater no ombro" do Empire
State Building, que tem mais
que o dobro de sua altura: são
381 metros e 102 andares.
"São Paulo é uma cidade verticalizada, "pero no mucho". A
verticalização que existe é descontínua. Talvez só seja menos
esparsa que Los Angeles
[EUA]", avalia Francisco Spadoni, 48, professor de projeto
da FAU-USP.
Para Spadoni, a verticalização é positiva, mas deve se concentrar nas áreas centrais, perto de estações de metrô, e sediar principalmente o comércio e os serviços. "Ganha-se
altura e libera-se o solo para
parques, por exemplo."
Com a nova Lei de Zoneamento, em vigor desde o ano
passado, os maiores potenciais
de verticalização da cidade se
concentram nas áreas de operação urbana, definidas pela
prefeitura para passarem por
melhorias urbanísticas. É o caso, por exemplo, da Água Branca e da região da avenida Jornalista Roberto Marinho.
Embargado
A obra do segundo maior
prédio residencial de São Paulo
-o Sky House, na Vila Leopoldina (zona oeste), com 136 metros- está embargada desde
agosto porque o coeficiente de
aproveitamento (limite da área
construída em relação à dimensão do terreno) está em desacordo com a Lei de Uso e Ocupação do Solo.
Também foi apontada irregularidade na altura do prédio.
Segundo a ONG Defenda São
Paulo, a construtora Kallas repassou ao 4º Comar (Comando
Aéreo Regional) uma altura do
terreno em relação ao nível do
mar menor que a informada
pela prefeitura, de 725 metros,
e não de 738 metros.
A diferença possibilitava um
prédio de até 133 metros, 33
metros a mais do que o permitido para o nível real do terreno.
A construtora Kallas informou à Folha que vai se manifestar apenas após a decisão judicial, que está prevista para
ser divulgada nesta semana.
(DÉBORA FANTINI)
Texto Anterior: Espaço demais pode trazer desconforto Próximo Texto: Seus direitos Índice
|