São Paulo, domingo, 22 de outubro de 2006

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A ERA DO EXTREMO

Morador aprecia SP longe do chão

Topo do residencial mais alto fica a 137 metros do solo; segundo no ranking está embargado

DA REPORTAGEM LOCAL

O administrador de empresas Jean Pierre Chevalier, 57, habita o ponto imobiliário culminante de São Paulo. Seu apartamento, no 33º andar do edifício Mandarim, concluído em abril deste ano, está a 120 metros de altura.
Enquanto os vizinhos dos andares superiores não chegam -as unidades foram vendidas, mas estão sendo personalizadas pelos proprietários-, Chevalier e sua mulher estão entre os paulistanos que dormem mais distantes do chão.
"A vista é muito bonita, não tem quase nada na frente. Da varanda, vejo a serra da Cantareira e o pico do Jaraguá. Janto vendo as luzes da cidade", descreve Chevalier, que vê no apartamento de 110 m2 um bom investimento -avaliado em R$ 450 mil- devido à localização, no Brooklin Novo (zona oeste), perto de centros de negócio como as avenidas Engenheiro Luiz Carlos Berrini e Brigadeiro Faria Lima. "A vista é um atrativo extra."

"Baixinho"
O Mandarim arranha o céu, mas bem de leve. Mesmo um dos prédios mais altos de São Paulo, o edifício Itália, com 165 metros e 44 andares, não chega a "bater no ombro" do Empire State Building, que tem mais que o dobro de sua altura: são 381 metros e 102 andares.
"São Paulo é uma cidade verticalizada, "pero no mucho". A verticalização que existe é descontínua. Talvez só seja menos esparsa que Los Angeles [EUA]", avalia Francisco Spadoni, 48, professor de projeto da FAU-USP.
Para Spadoni, a verticalização é positiva, mas deve se concentrar nas áreas centrais, perto de estações de metrô, e sediar principalmente o comércio e os serviços. "Ganha-se altura e libera-se o solo para parques, por exemplo."
Com a nova Lei de Zoneamento, em vigor desde o ano passado, os maiores potenciais de verticalização da cidade se concentram nas áreas de operação urbana, definidas pela prefeitura para passarem por melhorias urbanísticas. É o caso, por exemplo, da Água Branca e da região da avenida Jornalista Roberto Marinho.

Embargado
A obra do segundo maior prédio residencial de São Paulo -o Sky House, na Vila Leopoldina (zona oeste), com 136 metros- está embargada desde agosto porque o coeficiente de aproveitamento (limite da área construída em relação à dimensão do terreno) está em desacordo com a Lei de Uso e Ocupação do Solo.
Também foi apontada irregularidade na altura do prédio. Segundo a ONG Defenda São Paulo, a construtora Kallas repassou ao 4º Comar (Comando Aéreo Regional) uma altura do terreno em relação ao nível do mar menor que a informada pela prefeitura, de 725 metros, e não de 738 metros.
A diferença possibilitava um prédio de até 133 metros, 33 metros a mais do que o permitido para o nível real do terreno.
A construtora Kallas informou à Folha que vai se manifestar apenas após a decisão judicial, que está prevista para ser divulgada nesta semana. (DÉBORA FANTINI)


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