|
Texto Anterior | Índice
condomínio
Síndico é solitário em relação à responsabilidade civil e criminal
EDSON VALENTE
EDITOR-ASSISTENTE DE IMÓVEIS
Em muitos condomínios, esta é a época da eleição do síndico. Desempenhar esse papel,
porém, exige bem mais do que
paciência para atender a moradores em horários nem sempre
convenientes.
"O problema não está nas
duas horas diárias de dedicação
à função", analisa Angélica Arbex, gerente de marketing da
Lello Condomínios. "Ser síndico é responder civil e criminalmente pela administração do
condomínio. No dia em que assume o posto, ele já fornece à
Receita Federal sua identidade
e seu CPF", exemplifica.
Sua lista de atribuições inclui
responsabilidades como retenções tributárias de funcionários, prestação de contas do
prédio, gestão de contratos de
manutenção, mediação de conflitos entre moradores.
Uma dica para facilitar o
atendimento aos condôminos é
discipliná-lo, sugere Hubert
Gebara, vice-presidente de administração imobiliária do Secovi-SP (sindicato do setor). "O
síndico pode marcar dias e horários para realizá-lo."
De qualquer forma, é difícil
cuidar de tudo sozinho. "Via de
regra, a convenção do condomínio indica a constituição de
um corpo diretivo, com síndico,
subsíndico e conselho", esclarece Rene Vavassori, diretor de
condomínios da administradora Itambé. "Alguns regulamentos estabelecem que é possível
constituir grupos de apoio."
Mesmo se não previstos pelas regras internas, esses grupos podem ser adotados.
A estratégia do engenheiro
civil Alexandre Bariani, 49, síndico de um residencial na Vila
Andrade (zona sul), passa justamente pelo envolvimento
dos moradores na gestão.
"É sempre bom para também
tomarem conta da "criança'",
justifica. E exemplifica: "Não
entendo nada de direito. Então
sempre troco e-mails com uma
condômina que é advogada antes de conversar com o advogado contratado pelo prédio", relata. "Ela é parte interessada."
Bariani está em seu segundo
mandato. Diz que foi motivado
por considerar seus conhecimentos de engenheiro importantes para o trabalho.
"A conta mensal do gás para o
aquecimento da piscina interna girava em torno de R$ 4.000
mensais. Troquei por um equipamento que mantém a temperatura mais alta e custa R$ 600,
R$ 700 por mês", compara.
"Foi preciso gastar inicialmente R$ 7.000, mas em dois
meses o investimento se pagou.
Convenci as pessoas pelo bolso,
que é o melhor argumento."
Apesar de pensar em continuar na função - "financeiramente a isenção da taxa condominial compensa"-, Bariani
diz considerar saudável um rodízio. "Vêm novas ideias. Você
pode ter algum vício [administrativo] e não saber", observa.
Candidaturas
Segundo Vavassori, da Itambé, em geral as eleições, hoje,
têm mais de um candidato.
"Mudou o perfil. São pessoas
jovens, executivos que determinam muitas coisas por e-mail, bem ativos, interessados e
informados", caracteriza.
"Atuam muito por delegação."
É bom lembrar, contudo,
que, embora possa passar tarefas para terceiros, em termos
de responsabilidade civil e criminal o síndico é um solitário.
Talvez seja essa a razão pela
qual, segundo pesquisa da Lello, em 70% das posses tomadas
nos condomínios administrados pela empresa -um total de
1.250- ocorram reeleições. Há
dez anos, essa fatia era de 90%.
"Se a porta do elevador se
abre e uma criança cai no poço,
o síndico responde criminalmente por isso, caso seja um caso de negligência na manutenção. Se não faz a tributação dos
prestadores de serviço também", pontua Arbex. "Daí a importância de uma boa administradora para auxiliá-lo nessas
obrigações", defende.
Texto Anterior: Tombamento deve valorizar imóveis do bairro City Lapa Índice
|