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São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2003

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"BOOM" IMOBILIÁRIO

Construtores investem no município próximo da capital, apesar das deficiências de infra-estrutura

Mercado residencial esquenta em Itupeva

Fernando Moraes/ Folha Imagem
Existem na cidada nove condomínios, em que predominam casas de veraneio de alto padrão


EDSON VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A ITUPEVA (SP)

Sol abundante e condomínios de casas em profusão. Essa descrição não se aplica só à Flórida, nos EUA, mas também a Itupeva, a 75 km de São Paulo. Como Ibiúna e Vinhedo, nas décadas passadas, a cidade, de 30 mil habitantes, vive um "boom" imobiliário.
O primeiro sinal é o preço do metro quadrado. Comparado a 1999, quadruplicou: saltou de R$ 20 para R$ 80. Atualmente, 12 construtoras erguem casas de aproximadamente R$ 1.000 o metro quadrado na cidade, que já contabiliza nove condomínios.
O último lançado foi o Resedás, da Manacá: dos 379 lotes de 800 m2 a 3.000 m2, 135 estão à venda e custam de R$ 60 mil a R$ 110 mil.
"O público-alvo são famílias de classe média ou alta que buscam qualidade de vida no fim de semana", diz Álvaro Costa, 48, diretor de loteamentos da Fernandez Mera. Mas indicadores mostram que o perfil pode mudar.
Um deles é o número de indústrias no município. "Hoje, são 150, das quais 85 chegaram nos últimos dois anos", contabiliza o prefeito, Dorival Raymundo (PMDB), 73. O ICMS (Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) cresceu 30% no primeiro quadrimestre de 2003.
A idéia inicial do economista Tarciso Aparecido Sant'Anna, 51, depois de aderir a um plano de demissão voluntária da Volkswagen, em 2001, era construir uma casa de veraneio. "Cheguei como quem não quer nada", lembra.
"Então vislumbrei uma oportunidade de negócio e montei uma empresa de mão-de-obra para construção civil", conta. Sant'Anna passa a semana longe de sua família, que vive na capital, mas quer mudar-se para Itupeva assim que a obra estiver concluída.

De malas prontas
O preço dos materiais de construção é uma dor de cabeça para quem constrói na região. "Há dependência em relação ao fornecimento dos grandes centros, o que provoca gastos com frete que aumentam os custos em 20%", conta o despachante aduaneiro Antonio Navarro, 47, que quer "fugir do trânsito e da violência".
Quem está de malas prontas também reconhece as limitações da cidade. "A prefeitura precisa se mobilizar para desenvolvê-la", afirma Wagner Marques, 40, analista de sistemas do Citibank, que se muda para lá em 2004. "Não há sequer um cinema. Nos condomínios, a água vem de poços artesianos, e o esgoto escoa para fossas."
O vendedor Ailton Siqueira, 46, encontrou em Itupeva o ambiente propício para o filho, Kalil, 7, que é hiperativo e requer "espaço para consumir energia". Todos os dias, desloca-se para a capital, mas não reclama: "Problema, mesmo, só quando chego na marginal".

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