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Operação urbana breca casas
Só 4 das 13 saíram do papel; principal efeito foi verticalizar Água Branca e Campo Belo
Renato Stockler/Folha Imagem
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Rogério Amaral vendeu sua casa no
Campo Belo para não ficar "encurralado' entre prédios |
RENATA DE GASPARI VALDEJÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Criadas pela prefeitura para
revitalizar algumas regiões de
São Paulo, as operações urbanas não mudaram o cenário dos
bairros como era esperado.
Das 13 previstas, só 4 foram
iniciadas e, destas, duas estão
em andamento: Água Branca e
Água Espraiada. Seu principal
efeito foi verticalizar dois bairros em sua área de atuação.
Na operação Água Branca
(zona oeste), 18 projetos de empreendimentos foram aprovados pela Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), órgão
da prefeitura, de 2001 a 2006.
Já o Campo Belo (zona sul),
no perímetro da operação Água
Espraiada, teve 16 lançamentos
no biênio 2005 e 2006, segundo a Amaral D'Ávila Engenharia de Avaliações/Geoimóvel.
Para os moradores, a região está virando um "paliteiro", com
casas cercadas por prédios.
"Grandes incorporadoras estão vindo para cá, mas a infra-estrutura é precária para esse
adensamento", teme Cibele
Sampaio, presidente da Associação de Amigos do Brooklin
Novo (Sabron), já que as obras
públicas não estão no mesmo
compasso da verticalização.
"A Água Espraiada deveria
ser uma avenida com parques.
A prioridade seria ligá-la à rodovia dos Imigrantes. Depois,
tirar a favela. Está invertido."
Há cerca de 10 mil famílias
vivendo em barracos ao longo
da avenida que batizou a operação, hoje chamada de Jornalista Roberto Marinho.
"Não há empresário que
compre terrenos ali e, com isso,
não há como continuar a construção da avenida nem terminar a ponte do complexo viário
Real Parque", aponta a urbanista Regina Monteiro, conselheira consultiva do movimento Defenda São Paulo.
Outro lado
"A operação urbana pressupõe adensamento e intervenções para que ele não seja desastroso", diz Vladir Bartalini,
gerente de operações urbanas
da Emurb. Para Bartalini, a
operação Água Espraiada é
bem-sucedida e está dentro do
cronograma de execução. Segundo ele, a ponte deve estar
concluída na metade de 2008.
"Água Branca e Água Espraiada são as duas operações
mais produtivas de todas. O
"paliteiro" vai aparecer na Água
Branca também", prevê.
Das outras nove operações
propostas no Plano Diretor Estratégico, oito terão de aguardar ainda mais para serem regulamentadas. A prefeitura
prorrogou por seis meses o prazo da revisão do plano, que antes estava prevista para dezembro de 2006. A revisão abrange
os estudos de impacto ambiental das operações. Só depois deles elas seguem para aprovação.
"Antes de revisar o plano, a
prefeitura tem de implementá-lo", diz o arquiteto Nabil Bonduki, professor da FAU-USP
(Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de
São Paulo), ex- vereador e relator do plano. Para ele, é preciso
retomar as operações paradas
[Faria Lima e Centro] e concluir a infra-estrutura.
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