São Paulo, domingo, 25 de abril de 2004

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Em tempos de inadimplência, aluguel da fachada garante uma renda extra para o condomínio

Edifício-propaganda

Fernando Moraes/Folha Imagem
O educador Denner Coelho, que não paga condomínio


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Cada vez mais empresas disputam espaço nos prédios para anunciar seus produtos e serviços. Dessa forma, grandes paredes sem uso se tornam uma fonte de renda para os condomínios.
As avenidas 23 de Maio, Paulista, Brigadeiro Faria Lima e o centro da capital são os principais redutos das chamadas "empenas cegas" (paredes sem janelas), usadas para peças de propaganda.
"São lugares de grande circulação e visibilidade", define Fernanda Leme, do departamento comercial da G & G Comunicação Visual, empresa especializada em mídia exterior que intermedeia os prédios e as marcas expositoras.

Aprovação em assembléia
A colocação do anúncio na fachada de um condomínio precisa ser aprovada em assembléia e é feita mediante a instalação de uma estrutura metálica que sustenta uma peça de lona de vinil.
Em prédios com localização privilegiada, há até especulação sobre os valores. "Os síndicos sabem disso e só permitem a propaganda se recebem de R$ 6.000 a R$ 7.000 por mês", afirma Leme.
O contrato tem duração variável, de um mês a um ano. "Rende, em média, cerca de R$ 1.000 mensais para o condomínio", diz Mario Bianchi, diretor da Castellabate Promoções e Publicidade. "Com ou sem anúncio", salienta.

Condomínio de graça
Os moradores, por sua vez, não têm muito do que se queixar. "Abrigamos dois anúncios, um em cada lateral, há 20 anos", conta Nora Kuperchmit, administradora de um prédio de sete andares na rua Amaral Gurgel (zona central). "Eles barateiam os gastos condominiais em 80%", estima.
O educador Denner Coelho, 35, afirma que nunca pagou condomínio no apartamento que comprou, há três anos, na rua da Consolação (zona central). "E ainda recebo R$ 230 mensais. O espaço é disputado, é raro ficarmos sem anunciante."
Mas Fernando Fornícola, diretor de marketing de condomínios do Secovi-SP (sindicato da habitação), alerta sobre a poluição visual causada pelos anúncios nas fachadas. "Dependendo do tipo -se for de mulher nua ou de disque-namoro, por exemplo-, pode até desvalorizar o prédio", diz.
(EDSON VALENTE)


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