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MERCADO
Preço inicial de cada certificado será de R$ 300; especialistas alertam para o risco de especulação financeira
Títulos vão a leilão para bancar obras
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O primeiro leilão oficial de Cepacs (Certificados de Potencial
Adicional de Construção) -títulos do mercado imobiliário que
poderão ser trocados por capacidade construtiva maior que a hoje
permitida pela legislação de uso
e ocupação do solo- acontece
na próxima quarta-feira, em São
Paulo, na Soma (Sociedade Operadora do Mercado de Ativos).
Em uma primeira etapa, serão
comercializados cerca de R$ 190
milhões, a serem investidos na
construção de duas pontes sobre
o rio Pinheiros e de habitações de
interesse social, obras previstas na
Operação Urbana Água Espraiada (zona oeste da capital), definida pela lei 13.260 de 2001.
O lance mínimo inicial para
a aquisição de cada Cepac será
de R$ 300. A CVM (Comissão
de Valores Mobiliários) regulamenta a emissão dos papéis, que
foram criados pela lei federal
10.257, de 10 de julho de 2001.
Ricardo Yasbek, 51, vice-presidente do Secovi-SP (sindicato da
habitação de São Paulo), diz acreditar que a comercialização da
nova "moeda" vai gerar um "círculo virtuoso" no mercado local.
"Os recursos captados com investidores vão gerar obras na região,
que trarão valorização imobiliária
e dos próprios Cepacs", explica.
"Vai representar uma nova forma
de financiamento público."
As vendas estarão abertas a pessoas físicas e jurídicas, e o pagamento terá de ser feito à vista. A
participação, contudo, só é possível por meio de uma corretora do
mercado financeiro ou pelo Banco do Brasil (0/xx/21/3808-3530).
Mas o mecanismo de levantamento de capital pode também
ter efeitos nocivos. "Vai ser criado
um jogo especulativo", comenta o
urbanista Cândido Malta Filho,
67, ex-secretário de planejamento
da prefeitura. "Só vai comprar o
papel quem conhece o mercado,
ou seja, incorporadores e empreiteiros. Há o risco de, se poucos adquirirem muitos Cepacs, vir a surgir uma espécie de oligopólio."
Além disso, diz, há problemas
no próprio projeto da Operação
Urbana Água Espraiada, "de interface entre zonas". "Surgirão
prédios muito altos em áreas vizinhas a bairros só de casas".
Na medida certa
Já Gérson Bendilati, 46, diretor
comercial da construtora Tecnisa,
diz não acreditar em uma grande
procura inicial pelos títulos. "As
empresas vão comprar na exata
medida em que precisarem", calcula. "Acho o valor inicial [R$
300] um pouco alto. Ninguém vai
comprar para especular, mesmo
porque o volume é grande."
E cita como exemplo a situação
da própria empresa. "Vou adquirir especificamente para um terreno de 2.000 m2 que temos na rua
Princesa Isabel", adianta.
Para a troca dos Cepacs por potencial, haverá uma tabela de conversão em metros quadrados adicionais (ver quadro abaixo). No
trecho do Jabaquara que está na
operação, por exemplo, onde há
500.000 m2 para serem vendidos,
cada título valerá 3 m2. Já nas imediações da avenida Dr. Chucre
Zaidan, com 2.000.000 m2 disponíveis, esse valor cai para 1 m2, o
mesmo da concorrida Eng. Luiz
Carlos Berrini.
(EV)
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