São Paulo, domingo, 27 de outubro de 2002

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PLANO DIRETOR EM DEBATE

Moradores temem alteração em área em processo de tombamento

Na Lapa, desejo é manter "status quo"

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Embora as discussões para o Plano Regional estejam apenas começando no distrito da Lapa, na zona oeste da capital, os moradores já definiram o centro das polêmicas: a região da City Lapa, formada pelos valorizados bairros Alto da Lapa e Bela Aliança.
Os temores são de que o zoneamento estritamente residencial (Z1) dessa área sofra alterações e de que as restrições do loteamento (elaboradas pela Companhia City, registradas na municipalidade em 1934 e cumpridas até agora) passem a ser desrespeitadas.
"A City Lapa está em processo de tombamento. Seus jardins fazem parte da vegetação significativa de São Paulo. É um dos poucos locais onde ainda existe qualidade de vida. Uma mudança de zoneamento agora só serviria para desfigurar a região", afirma Berenice Krucken Martins, 48, que mora no distrito há 20 anos e integra a Assampalba (Associação de Moradores pela Preservação do Alto da Lapa e Bela Aliança).
Pelas restrições do loteador, só é permitido construir edificações de até dois andares na City Lapa. "Se hoje, que é proibido, muitas empresas desrespeitam a lei e tentam erguer prédios, imagine se a lei permitisse. Passaríamos por um processo de verticalização imediato que causaria uma grande transformação no distrito", diz a representante dos moradores, que já acompanhou o embargo de três edifícios nos últimos anos.
Um deles fica na rua Princesa Leopoldina. A obra está parada na sexta laje e foi invadida por moradores de rua e sem-teto.

Ainda é cedo
Apesar de o receio dos moradores ter fundamento, na opinião do arquiteto e urbanista Carlos Alberto de Azevedo Antunes, 50, ainda é cedo para tanta preocupação. "Esta área residencial não deve sofrer grandes transformações com o Plano Diretor por causa do processo de tombamento", diz.
Procurada pela reportagem da Folha para comentar o assunto, a Subprefeitura da Lapa não respondeu às ligações.
Outra polêmica levantada pelos moradores é o comércio irregular na rua 12 de Outubro. Juntamente com a poluição visual, esse tipo de atividade é apontada como agravante para a deterioração da chamada Lapa de Baixo.
"A rua está cheia de camelôs e ambulantes, mal conseguimos chegar às lojas. E esse problema já atinge as ruas adjacentes", avalia o morador Geraldo Medaglia.
Mais uma polêmica diz respei- to às mudanças que devem ocorrer nas proximidades da margi- nal Tietê, mesmo que o atual zoneamento seja mantido.
"A partir da conclusão do anel viário, a tendência natural é que os grandes galpões situados entre a marginal Tietê e a estação de trens dêem lugar a galpões menores, uma vez que as empresas não precisarão mais de grandes áreas", diz o consultor João Freire D'Ávila, 44, da Amaral D'Ávila Engenharia de Avaliações. Seria preciso, então, discutir a ocupação da área e uma infra-estrutura mais adequada a armazéns mais modestos. (MONICA FAVERO)


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