|
Próximo Texto | Índice
FINANCIAMENTO
ANM orienta pedir reajuste pela variação salarial ou INPC
Juro alto, TR e burocracia afastam novos mutuários
ALADIM LOPES GONÇALVES
free-lance para a Folha
A CEF (Caixa Econômica Federal) modificou o seu sistema de financiamento por meio da carta
de crédito, no mês passado, sem
que isso motivasse um aumento
expressivo do número de novos
mutuários, apesar das vantagens
que a mudança trouxe.
As novidades (veja o quadro)
incluem o financiamento de até
100% do valor do imóvel -recurso ideal para quem não tem condições de pagar aluguel e prestações ao mesmo tempo.
O presidente do Creci-SP (Conselho Regional dos Corretores de
Imóveis), Roberto Capuano, afirma que a baixa procura pelos financiamentos da CEF, pelo SFH
(Sistema Financeiro da Habitação), é resultado da lentidão e da
burocracia excessiva para aprovar o crédito.
"O que é uma incoerência, devido à grande oferta de imóveis novos e usados disponíveis", diz.
Para o presidente da Associação
Nacional de Mutuários (ANM),
Marcelo Donizetti, os juros de
12% ao ano mais o reajuste pela
TR são os culpados pelo movimento baixo na CEF.
"Os financiamentos oferecidos
ainda não são acessíveis para o
consumidor de baixa renda", declara. "Os índices utilizados para
corrigir as prestações acabam por
inviabilizar qualquer tipo de negócio", complementa.
Orientações
Para ele, a manutenção da TR
no reajuste do saldo devedor leva
o mutuário à inadimplência. Donizetti discorda do cálculo usado
pelo banco e recomenda extrema
cautela para o candidato a mutuário quando for assinar um contrato de financiamento.
A ANM oferece um serviço gratuito para os novos candidatos a
mutuário. Entre as orientações,
explica Donizetti, está a de oferecer à CEF uma contraproposta de
reajuste. Em vez da TR, correção
pelo INPC ou pela variação salarial do mutuário.
O recurso pode ser usado até
nas revisões de contratos. Segundo Donizetti, caso a CEF recuse a
contraproposta, é possível exigi-lo na Justiça, com base na lei que
instituiu o SFH.
Burocracia
O dinheiro da carta de crédito
-que pode ser usado para a
construção, reforma, compra de
imóvel novo ou usado- demora
em média 21 dias para ser liberado, segundo a Caixa.
O trabalho é feito pela Central
de Risco, em Brasília, que fica on
line com as agências da CEF.
Porém, segundo o presidente
do Creci-SP, esse processo tem
consumido cerca de 60 dias para
ser concluído.
O gerente de mercado da CEF
em São Paulo, Alexandre Carmignani, não confirma a informação,
e, sobre o baixo movimento, diz
que ainda não foi realizada nenhuma pesquisa específica para
avaliar essa questão.
O gerente espera um aumento
significativo na procura por financiamento ainda este ano e início do próximo. "Nesse período é
normal uma maior procura por
causa do 13º salário", diz.
O sistema da carta de crédito da
Caixa possui um total de R$ 5 bilhões em recursos. Desde 96, essa
modalidade já financiou cerca de
700 mil imóveis no país.
Disque Caixa: 0/xx/11/6099-0101
ANM: 0800-550515
Próximo Texto: Aluguel: Creci aponta nova queda em outubro Índice
|