São Paulo, Domingo, 28 de Novembro de 1999


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FINANCIAMENTO
ANM orienta pedir reajuste pela variação salarial ou INPC
Juro alto, TR e burocracia afastam novos mutuários

ALADIM LOPES GONÇALVES
free-lance para a Folha

A CEF (Caixa Econômica Federal) modificou o seu sistema de financiamento por meio da carta de crédito, no mês passado, sem que isso motivasse um aumento expressivo do número de novos mutuários, apesar das vantagens que a mudança trouxe.
As novidades (veja o quadro) incluem o financiamento de até 100% do valor do imóvel -recurso ideal para quem não tem condições de pagar aluguel e prestações ao mesmo tempo.
O presidente do Creci-SP (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis), Roberto Capuano, afirma que a baixa procura pelos financiamentos da CEF, pelo SFH (Sistema Financeiro da Habitação), é resultado da lentidão e da burocracia excessiva para aprovar o crédito.
"O que é uma incoerência, devido à grande oferta de imóveis novos e usados disponíveis", diz.
Para o presidente da Associação Nacional de Mutuários (ANM), Marcelo Donizetti, os juros de 12% ao ano mais o reajuste pela TR são os culpados pelo movimento baixo na CEF.
"Os financiamentos oferecidos ainda não são acessíveis para o consumidor de baixa renda", declara. "Os índices utilizados para corrigir as prestações acabam por inviabilizar qualquer tipo de negócio", complementa.

Orientações
Para ele, a manutenção da TR no reajuste do saldo devedor leva o mutuário à inadimplência. Donizetti discorda do cálculo usado pelo banco e recomenda extrema cautela para o candidato a mutuário quando for assinar um contrato de financiamento.
A ANM oferece um serviço gratuito para os novos candidatos a mutuário. Entre as orientações, explica Donizetti, está a de oferecer à CEF uma contraproposta de reajuste. Em vez da TR, correção pelo INPC ou pela variação salarial do mutuário.
O recurso pode ser usado até nas revisões de contratos. Segundo Donizetti, caso a CEF recuse a contraproposta, é possível exigi-lo na Justiça, com base na lei que instituiu o SFH.

Burocracia
O dinheiro da carta de crédito -que pode ser usado para a construção, reforma, compra de imóvel novo ou usado- demora em média 21 dias para ser liberado, segundo a Caixa.
O trabalho é feito pela Central de Risco, em Brasília, que fica on line com as agências da CEF.
Porém, segundo o presidente do Creci-SP, esse processo tem consumido cerca de 60 dias para ser concluído.
O gerente de mercado da CEF em São Paulo, Alexandre Carmignani, não confirma a informação, e, sobre o baixo movimento, diz que ainda não foi realizada nenhuma pesquisa específica para avaliar essa questão.
O gerente espera um aumento significativo na procura por financiamento ainda este ano e início do próximo. "Nesse período é normal uma maior procura por causa do 13º salário", diz.
O sistema da carta de crédito da Caixa possui um total de R$ 5 bilhões em recursos. Desde 96, essa modalidade já financiou cerca de 700 mil imóveis no país.


Disque Caixa: 0/xx/11/6099-0101
ANM: 0800-550515




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