São Paulo, domingo, 29 de junho de 2008

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Taxas prefixadas em alta

Com a ameaça da inflação, bancos já aumentam tarifas de crédito com parcelas fixas

Marcelo Justo/Folha Imagem
Para não ficar "à mercê de um aumento de juros', Rafael Vendramini escolheu um plano de parcelas fixas ao financiar seu imóvel

CRISTIANE CAPUCHINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Muita gente que financia um imóvel deseja pagar o mesmo valor mensal nos 20 ou 30 anos de duração do plano -por mais que os preços no supermercado ou no posto de gasolina sejam remarcados.
Mas quem quer essa garantia precisa se apressar: os bancos já começam a alterar as taxas dos financiamentos imobiliários com parcelas fixas, em que não há correção de valores ao longo do tempo por um índice como a TR (Taxa Referencial).
Essa movimentação se explica pela divulgação do relatório trimestral da inflação Focus, realizada na semana passada pelo Banco Central.
Ele aponta a tendência real de aumento dos juros neste ano -a expectativa do mercado é que cheguem a 14,25%.
Os melhores negócios desse cenário atual de alerta estão nas instituições que criaram linhas com taxas prefixadas como aposta no mercado estável e ainda não as atualizaram -confira condições dos bancos no quadro da pág. 6.
"Se pensarmos em um cenário inflacionário, os financiamentos com taxas prefixadas são atrativos neste momento. Mas os bancos já começam a ajustá-las", avalia Emerson Piovezan, diretor de gestão da FPS Negócios Imobiliários.
Foi o que aconteceu com o Banco Bradesco, que alterou no último mês de 12,5% para 13% as taxas oferecidas para imóveis do SFH (Sistema Financeiro de Habitação). O Banco Real também elevou sua taxa de 13% para 13,2% em junho.
A elevação, considerada pequena frente às expectativas de juros do mercado, pode demonstrar duas realidades, segundo economistas e consultores entrevistados pela Folha.
Uma seria a redução do lucro por parte dos bancos, que superestimaram suas taxas no início das operações; a outra, a manutenção das taxas no patamar em que estão para aproveitar a grande demanda por crédito imobiliário -que bateu recorde de 20 anos em maio.

Competitividade
"Acredito que os bancos não compensarão a alta da Selic [juros] nas taxas porque há uma competição grande entre eles", considera Miguel de Oliveira, vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade).
A segurança apresentada pelo plano com taxas fixas atraiu Rafael Vendramini, 27.
O analista firmou o contrato para comprar seu apartamento na planta em abril. "Escolhi pela estabilidade. Com a taxa prefixada você sabe o valor das parcelas sem ficar à mercê de uma alta de juros", justifica.


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