São Paulo, quarta-feira, 01 de dezembro de 2004

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BANDA LARGA

Pontos de acesso à internet serão instalados em postes de luz e sinais de trânsito, cobrindo quase toda a cidade

Taipé inicia projeto de super-rede sem fio

KIRBY CHIEN
DA REUTERS

Dennis Tseng é um ávido surfista da internet que adora passar o tempo no distrito luxuoso de Hsinyi, em Taipé, onde o acesso sem fio à internet está disponível gratuitamente para todos.
Se estiver do lado de fora de uma loja de departamentos, esperando que sua mulher acabe de fazer compras, ou aproveitando uma tarde preguiçosa de domingo em um café com mesas na calçada, Tseng vai sacar sua agenda eletrônica para verificar seus e-mails, marcar uma consulta no médico ou rever listas de filmes.
É o gosto por esse tipo de conectividade sem fio, em qualquer lugar, a qualquer hora, que está levando os planejadores da cidade de Taipé a construírem o que eles dizem que será a maior rede Wi-Fi do mundo, tornando o acesso barato à internet disponível em quase todos os lugares na capital de Taiwan.
"Essa será uma aventura muito ambiciosa para a cidade de Taipé porque, até onde sabemos, ela é a única cidade que vem tentando ter uma cobertura de serviço sem fio em toda a cidade", disse o prefeito de Taipé, Ma Ying-jeou.
Enquanto, em todo o mundo, as conexões sem fio estão disponíveis em muitas casas, empresas e cafés, o projeto Taipei's CyberCity (Cidade Cibernética de Taipé) tem o objetivo de tornar o Wi-Fi onipresente ao ar livre.
Nova York, São Francisco, Filadélfia e Jerusalém estão entre as cidades com ambições semelhantes, e cerca de um quarto de Amsterdam já está conectado. Mas é provável que a rede de Taipé seja a maior do mundo, disse Robin Simpson, um diretor de pesquisa na filial australiana da Gartner Asia Pacific.
Os pontos de acesso Wi-Fi que ligarão computadores à internet em Taipé serão fixados a postes de luz e de sinalização de tráfego, criando uma rede que cobrirá 90% da cidade até o final de 2005.

Qualidade de vida
"Queremos globalizar Taipé também", disse Chou Yun-tsai, uma autoridade governamental da cidade que dirige o projeto.
"A idéia é melhorar a qualidade de vida dos moradores e, ao mesmo tempo, facilitar os negócios em Taipé."
O projeto de internet sem fio será implantando sobre a rede existente em Hsinyi, um popular e bem-sucedido distrito financeiro e de compras onde ficam o edifício mais alto do mundo, o Taipei 101, com 508 metros, e a sede da prefeitura municipal.
A rede urbana será implantada pela Q-Ware, uma divisão do grupo Uni-President, que também detém a franquia da 7-Eleven em Taiwan. A Q-Ware implantará, pelo menos, 20 mil pontos de acesso em toda Taipé a um custo de US$ 70 milhões.
O projeto atraiu, também, o interesse das gigantes em tecnologia Hewlett-Packard, Intel, Microsoft, Cisco Systems e Nortel Networks, que estão fornecendo uma combinação de assistência técnica e equipamentos.
A Q-Ware pagará à cidade de Taipé 1% das receitas obtidas nos primeiros dois anos de vigência do acordo e 3% nos sete anos restantes.
"Assim, não teremos de pagar nada, mas poderemos obter alguns royalties, e a cidade se tornará ainda mais móvel e ainda mais direcionada para a informação", disse o prefeito Ma.
A Q-ware espera cobrar uma taxa mensal básica de T$ 150 a T$ 400 (aproximadamente US$ 4,50 a US$ 12), muito menos do que os T$ 800 a T$ 1.000 (US$ 24 a US$ 30) que os provedores de banda larga fixa cobram em Taiwan.
A empresa acredita que vai conseguir a adesão de um terço dos 3 milhões de habitantes da cidade, e estima que atingirá o ponto de equilíbrio em seu investimento dentro de cinco anos.

Trajetória incerta
Mas a trajetória dos projetos de Wi-Fi em grande escala, na melhor das hipóteses, é incerta, dizem os especialistas. Simpson disse que a tecnologia que a CyberCity planeja usar opera em uma largura de banda muito congestionada, que poderia interferir em outras redes privadas e mesmo em aparelhos domésticos tais como babás eletrônicas.
"Qualquer um que possua uma rede Wi-Fi em Taipé corre o risco de ter sua rede desativada pelo sinal onipresente que virá da rede municipal", disse ele.
Além dos obstáculos técnicos, há também a questão de quem realmente vai usar o serviço, pois 80% dos moradores de Taipé já têm acesso à internet e mais de metade possui banda larga.
"A receita proveniente do Wi-Fi é uma coisa muito incerta. Mesmo nos Estados Unidos não há muitas empresas que estejam fazendo dinheiro com a internet sem fio", disse Simpson.
Ainda assim, usuários dedicados como Tseng estão entusiasmados. "Eu gosto da idéia de poder me conectar facilmente a qualquer hora, em qualquer lugar. Não é uma coisa que eu preciso ter, mas é muito conveniente", disse ele. "O Wi-Fi torna a vida mais fácil e divertida."


Tradução de Angela Caracik


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