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BANDA LARGA
Pontos de acesso à internet serão instalados em postes de luz e sinais de trânsito, cobrindo quase toda a cidade
Taipé inicia projeto de super-rede sem fio
KIRBY CHIEN
DA REUTERS
Dennis Tseng é um ávido surfista da internet que adora passar o
tempo no distrito luxuoso de
Hsinyi, em Taipé, onde o acesso
sem fio à internet está disponível
gratuitamente para todos.
Se estiver do lado de fora de
uma loja de departamentos, esperando que sua mulher acabe de
fazer compras, ou aproveitando
uma tarde preguiçosa de domingo em um café com mesas na calçada, Tseng vai sacar sua agenda
eletrônica para verificar seus e-mails, marcar uma consulta no
médico ou rever listas de filmes.
É o gosto por esse tipo de conectividade sem fio, em qualquer lugar, a qualquer hora, que está levando os planejadores da cidade
de Taipé a construírem o que eles
dizem que será a maior rede Wi-Fi do mundo, tornando o acesso
barato à internet disponível em
quase todos os lugares na capital
de Taiwan.
"Essa será uma aventura muito
ambiciosa para a cidade de Taipé
porque, até onde sabemos, ela é a
única cidade que vem tentando
ter uma cobertura de serviço sem
fio em toda a cidade", disse o prefeito de Taipé, Ma Ying-jeou.
Enquanto, em todo o mundo, as
conexões sem fio estão disponíveis em muitas casas, empresas e
cafés, o projeto Taipei's CyberCity
(Cidade Cibernética de Taipé)
tem o objetivo de tornar o Wi-Fi
onipresente ao ar livre.
Nova York, São Francisco, Filadélfia e Jerusalém estão entre as
cidades com ambições semelhantes, e cerca de um quarto de Amsterdam já está conectado. Mas é
provável que a rede de Taipé seja a
maior do mundo, disse Robin
Simpson, um diretor de pesquisa
na filial australiana da Gartner
Asia Pacific.
Os pontos de acesso Wi-Fi que
ligarão computadores à internet
em Taipé serão fixados a postes de
luz e de sinalização de tráfego,
criando uma rede que cobrirá
90% da cidade até o final de 2005.
Qualidade de vida
"Queremos globalizar Taipé
também", disse Chou Yun-tsai,
uma autoridade governamental
da cidade que dirige o projeto.
"A idéia é melhorar a qualidade
de vida dos moradores e, ao mesmo tempo, facilitar os negócios
em Taipé."
O projeto de internet sem fio será implantando sobre a rede existente em Hsinyi, um popular e
bem-sucedido distrito financeiro
e de compras onde ficam o edifício mais alto do mundo, o Taipei
101, com 508 metros, e a sede da
prefeitura municipal.
A rede urbana será implantada
pela Q-Ware, uma divisão do grupo Uni-President, que também
detém a franquia da 7-Eleven em
Taiwan. A Q-Ware implantará,
pelo menos, 20 mil pontos de
acesso em toda Taipé a um custo
de US$ 70 milhões.
O projeto atraiu, também, o interesse das gigantes em tecnologia
Hewlett-Packard, Intel, Microsoft, Cisco Systems e Nortel Networks, que estão fornecendo uma
combinação de assistência técnica
e equipamentos.
A Q-Ware pagará à cidade de
Taipé 1% das receitas obtidas nos
primeiros dois anos de vigência
do acordo e 3% nos sete anos restantes.
"Assim, não teremos de pagar
nada, mas poderemos obter alguns royalties, e a cidade se tornará ainda mais móvel e ainda mais
direcionada para a informação",
disse o prefeito Ma.
A Q-ware espera cobrar uma taxa mensal básica de T$ 150 a T$
400 (aproximadamente US$ 4,50
a US$ 12), muito menos do que os
T$ 800 a T$ 1.000 (US$ 24 a US$
30) que os provedores de banda
larga fixa cobram em Taiwan.
A empresa acredita que vai conseguir a adesão de um terço dos 3
milhões de habitantes da cidade, e
estima que atingirá o ponto de
equilíbrio em seu investimento
dentro de cinco anos.
Trajetória incerta
Mas a trajetória dos projetos de
Wi-Fi em grande escala, na melhor das hipóteses, é incerta, dizem os especialistas. Simpson disse que a tecnologia que a CyberCity planeja usar opera em uma
largura de banda muito congestionada, que poderia interferir em
outras redes privadas e mesmo
em aparelhos domésticos tais como babás eletrônicas.
"Qualquer um que possua uma
rede Wi-Fi em Taipé corre o risco
de ter sua rede desativada pelo sinal onipresente que virá da rede
municipal", disse ele.
Além dos obstáculos técnicos,
há também a questão de quem
realmente vai usar o serviço, pois
80% dos moradores de Taipé já
têm acesso à internet e mais de
metade possui banda larga.
"A receita proveniente do Wi-Fi
é uma coisa muito incerta. Mesmo nos Estados Unidos não há
muitas empresas que estejam fazendo dinheiro com a internet
sem fio", disse Simpson.
Ainda assim, usuários dedicados como Tseng estão entusiasmados. "Eu gosto da idéia de poder me conectar facilmente a
qualquer hora, em qualquer lugar. Não é uma coisa que eu preciso ter, mas é muito conveniente",
disse ele. "O Wi-Fi torna a vida
mais fácil e divertida."
Tradução de Angela Caracik
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