São Paulo, quarta-feira, 02 de julho de 2008

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SEGURANÇA

Garota-prodígio ajudou no Firefox

Vasna Wilson/"USA Today"
Window Snyder, chefe de segurança da Fundação Mozilla


JON SWARTZ
DO "USA TODAY"

Window Snyder não se encaixa no perfil médio dos chefões da área de segurança de empresas. No comando do setor de segurança da Fundação Mozilla, a pouco convencional entidade sem fins lucrativos cujo popular navegador de internet, Firefox, ganhou uma nova versão no mês passado, Snyder trilha um caminho também pouco convencional.
Para início de conversa, o cargo dela se chama "chefe de segurança ou algo mais ou menos assim" (é exatamente isso o que se pode ler no cartão dela).
O título serve para cobrir a variedade de atribuições de Snyder dentro da Mozilla, a criadora de navegadores para internet que se vale da contribuição de milhares de programadores em todo o mundo. Gangues do cibercrime organizado dedicam-se cada vez mais à tarefa de assumir o controle do computador de terceiros por meio de programas maliciosos baseados em browsers.
Esses grupos já transformaram cerca de 40% dos 800 milhões de PCs ligados à internet em bots obedientes usados para disseminar spams, vasculhar dados pessoais de usuários e cometer fraudes.
Os bandidos possuem uma grande motivação para ampliar seus impérios de bots. E a tática favorita deles para assumir o controle de máquinas de terceiros consiste em adulterar aplicativos que rodam nos navegadores e que permitem acesso a alguns dos recursos mais legais da web, tais como assistir a vídeos e participar de sites de relacionamento.
O Firefox é considerado o mais seguro por especialistas da área de segurança. Ainda assim, não se trata de um programa infalível. Em meio aos esforços para melhorar a segurança do Firefox, Snyder vem convencendo a Microsoft e a Apple, fabricante do browser Safari, a seguirem o exemplo dela -ou a saírem do caminho.
"A diversão está em desconstruir nos locais onde estão as falhas de segurança", disse Snyder, 32, com um sorriso inteligente e calculado. Mas ninguém deveria se deixar enganar pela pouca idade dela. A carreira de Snyder inclui participar da fundação de uma empresa de segurança e trabalhar com consultora na At Stake, vendida para a Symantec por US$ 49 milhões, em 2004.
Ela já trabalhou na Microsoft, coordenando a área de segurança para duas versões do sistema operacional Windows. Anteriormente, a Microsoft não se dispunha a compartilhar informações técnicas com os que não estivessem dentro de seus laboratórios, em Redmond (Washington). Agora, a empresa precisa mobilizar todo o seu potencial colaborativo a fim de chegar à comunidade de código aberto, local onde o Firefox prosperou.
Dave Goldsmith, que, como presidente da Matasano Security, trabalhou com Snyder, descreveu-a como uma "estrela do rock no mundo da segurança on-line". Eva Chen, diretora-executiva e co-fundadora da empresa de segurança Trend Micro, acrescentou: "É gratificante ver mulheres desempenhando papéis relevantes na tecnologia de segurança."

Programadora aos 5 anos
Autodenominada "garota geek" e filha de engenheiros de software, Snyder contou que sua mãe a ensinou a programar em Basic, uma antiga linguagem de programação, com um PC da Texas Instruments quando a menina tinha apenas cinco anos de idade.
"Ela possui um brilho e uma alegria naturais", afirmou a mãe dela, nascida no Quênia e chamada Wayua Muasa, que iniciou sua carreira de engenheira de software no começo de seus 40 anos depois de tentar dar aulas e promover viagens turísticas para o Quênia junto à ONU (Organização das Nações Unidas).
Entre goles de chá em uma filial da rede Starbucks, Snyder realiza um discurso estonteante sobre a álgebra abstrata, o conceito das linhas paralelas cruzando-se no espaço e as aspirações presidenciais de Barack Obama, para quem trabalhou como voluntária no Texas.
Mas empolgação mesmo ela revela ao falar da Mozilla. "A força da Mozilla é certamente a comunidade (de dezenas de milhares de voluntários). Temos de fazer com que saibam estar sendo ouvidos", afirmou Snyder, que ingressou na fundação no ano passado.
O desafio é fazer com que os usuários -tão cientes das questões de segurança em suas casas e carros- sejam igualmente vigilantes quando se trata de seus computadores pessoais. Snyder vem conseguindo fazer sucesso sem dificuldades. "Ela é eficiente e respeitada entre vários grupos: os geeks mais inveterados, os clientes e o público em geral", disse Mitchell Baker, presidente da Mozilla.
O Firefox se encontra em uma ascendente constante. Conquistou 170 milhões de usuários em mais de 200 países e uma fatia de 18% do mercado de browsers, segundo a Net Applications -o Microsoft Internet Explorer lidera com 75%. Agora, depois de vários anos de desenvolvimento e testes abertos, lança-se a versão 3.0. À frente do esforço de divulgação do programa encontra-se Snyder, que conta com um currículo cada vez maior.


Com Byron Acohido
Tradução de RODRIGO CAMPOS CASTRO


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