São Paulo, quarta-feira, 02 de agosto de 2000


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FOTOGRAFIA DIGITAL
Fabricantes de chip disputam tecnologia para reduzir custo e aumentar uso de câmeras sem filme
Chips prometem imagens mais baratas

JOHN MARKOFF
DO "THE NEW YORK TIMES"

Onze anos atrás, Peter Denyer, então professor de engenharia eletrônica na Universidade de Edimburgo, trabalhou duro para remover a capa de um chip de memória de computador e, expondo-o à luz, capturou uma rudimentar imagem monocromática digital, passível de exibição em uma tela de computador.
Sem saber, Denyer estava repetindo uma experiência que outros haviam conduzido anos antes no Instituto de Tecnologia da Califórnia.
Mas ele foi um dos primeiros a reconhecer as possibilidades comerciais: um chip de memória poderia servir como um sistema barato de preservação digital de imagens, capaz de transformar o mundo da fotografia e do vídeo.
Em 99, quando a Vision Group LLG, empresa de projeto de chips de Denyer, foi adquirida pela STMicroelectronics, a sétima maior fabricante de chips do mundo, o cenário estava pronto.
A STMicroelectronics prevê que dentro de alguns anos o custo de câmeras digitais de alta resolução, hoje na casa das centenas de dólares, cairá para perto do preço dos chips de memória para PC -menos de US$ 10 cada um.
Os defensores acreditam que o barateamento vá permitir ampliar a capacidade da fotografia digital para outros bens de consumo. Há, no entanto, uma batalha tercnológica internacional que opõe Denyer a outros fabricantes dos sensores mais dispendiosos que agora dominam o mercado.
Chamados "charged coupled devices" (CCD), esses sensores requerem um conjunto considerável de chips e componentes. São produzidos por algumas poucas empresas japonesas, como a Sony e a Matsushita.
Concorrendo com essas companhias, há a STMicroelectronics e a Motorola, que estão produzindo o tipo de sensor menos dispendioso que Denyer defende: chips de metal óxido semicondutor complementares, ou CMOS.
Os chips de imagem CMOS (pronuncia-se cimos), produzidos com as mesmas técnicas que resultam em chips convencionais, são usados em webcams baratas para a Internet.
Embora os sensores CCD continuem a ser a fundação tanto da fotografia quando do vídeo digital, os fabricantes de CMOS planejam oferecer crescente pressão competitiva por meio de uma variedade de novos produtos de fotografia digital que aproveitam o baixo custo desses sensores.
A Kodak produz sensores CCD para suas câmeras digitais e também lançou sua primeira câmera com chip CMOS -como acessório para os palmtops da Palm.
Diferentemente dos sensores CCD, com seus múltiplos componentes e vasta gama de capacitores eletrônicos, os sensores CMOS podem ser fabricados com o mesmo processo litográfico de alto volume empregado para outros semicondutores solid-state.
Os defensores do CMOS dizem que as vantagens de fabricação do chip único permitirão que ele supere seus adversários devido aos benefícios de preço e de produção em alto volume.
Mas os executivos das empresas que ainda operam com o CCD apontam que os defensores do CMOS há muito têm fracassado em cumprir essas promessas, devido à qualidade inferior de imagens.
"O CMOS não avançou tanto no mercado CCD quando seus partidários previam", disse Mark Kirstein, vice-presidente de pesquisa da Cahners In-Stat Group, empresa de pesquisa especializada no mercado de semicondutores.
Os partidários do CMOS, no entanto, ressaltam que novos investimentos conduziram a uma explosão no desenvolvimento dessa tecnologia pelos grandes fabricantes de chips, como a Motorola e a STMicroeletronics.
Estimuladas pelo potencial do CMOS, algumas empresas iniciantes, de pequeno porte, estão até atacando uma parte do mercado de CCD que era considera invulnerável. Na Europa, os telefones em breve terão a capacidade de enviar e transmitir imagens fotográficas.


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