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futuro
Interface confere "sexto sentido" a celular
REALIDADE AUMENTADA SixthSense transforma superfícies em telas para navegar na rede e traduz gestos em comandos
VIKAS BAJAJ
DO "NEW YORK TIMES"
Muitos indianos compraram
seu primeiro telefone celular
antes de ter o seu primeiro contato com um computador pessoal. Pranav Mistry acredita
que a maioria dessas pessoas
pode ignorar também os teclados e os mouses e passar direto
às interfaces mais intuitivas e interativas.
Durante a conferência TED
India, Mistry, 28, pesquisador
assistente do Media Lab no
MIT (Instituto de Tecnologia
de Massachusetts) fez uma demonstração do que pode vir a
ser essa forma de interface. O
evento ocorreu no mês passado, em Mysore (Índia), cidade
que fica cerca de três horas a oeste de Bangalore.
O pesquisador deu-lhe o nome de SixthSense (sexto sentido), e o dispositivo utiliza uma
câmera e um projetor mantidos
juntos por um pingente usado ao redor do pescoço.
O protótipo dele, e o software
responsável pelo processamento dos dados, funcionam em
smartphones e conseguem
transformar paredes, folhas de
papel e outras superfícies em
telas para, suponhamos, navegar na rede.
A câmera traduz gestos em
comandos -é possível, por
exemplo, manter as duas mãos
levantadas com a finalidade de
enquadrar uma cena e pressionar o polegar para tirar uma foto. Basta apontar o dispositivo
para um cartão de embarque de
avião, e o projetor exibe a situação do seu próximo voo. Mistry
até demonstrou um modo fácil
de copiar e colar textos a partir
de uma página impressa.
Segundo Mistry, a melhor
parte disso é o fato de o dispositivo poder ser fabricado por
apenas US$ 350, usando componentes comuns e o próprio
código-fonte dele, algo que ele
pretende disponibilizar em um
modelo de código aberto.
"O que realmente me interessa é a forma como podemos
combinar os dois mundos -o
mundo físico e o mundo digital", disse Mistry, um ex-funcionário da Microsoft formado
pelo Instituto de Tecnologia da
Índia, em Mumbai.
O dispositivo quase se parece
com algo bom demais para ser
verdade, e ele reconhece que a
tecnologia deverá levar algum
tempo até chegar ao mercado.
Segundo o pesquisador, empresas que patrocinam o Media
Lab, como a LG e a Samsung,
têm demonstrado interesse pela interface. Porém, ainda não
se sabe ao certo quando estará
pronto um dispositivo apto a
ser comercializado.
Videogame
O SixthSense também lembra o Natal, uma tecnologia na
qual a equipe da Microsoft responsável pelo Xbox vem trabalhando. Nesse dispositivo, uma
câmera acompanha os comandos do usuário a fim de que ele
não precise usar controles de
jogo. A tecnologia deve ser lançado no próximo ano.
Porém, mais do que um produto para crianças de países ricos, Mistry diz ver o SixthSense
como um dispositivo desenvolvido para as populações de países pobres como a Índia, onde o
índice de alfabetização é baixo
e muitas pessoas nunca usaram um teclado ou um mouse.
A interface pode também se
tornar um sucesso de vendas na
Índia devido ao fato de funcionar em telefones celulares -no
momento, ela opera em smartphones com o sistema Windows Mobile, da Microsoft, ou
o Android, do Google. Mas, segundo Mistry, é possível adaptá-la para telefones mais baratos fabricados pela Nokia e por
outras empresas que são comuns aqui [na Índia].
"O dispositivo é mais importante para esse mundo do que
para o mundo desenvolvido", disse ele.
Mistry, criado em uma pequena cidade no Estado de Gujarat (oeste da Índia), encantou
o público presente na TED India, que o aplaudiu de pé várias
vezes durante a sua apresentação. Na sexta-feira, ele me disse
que, quando esteve pela primeira vez no MIT, três anos
atrás, falava pouco inglês porque havia estudado em uma escola na qual as aulas eram dadas na língua gujarati.
Ele parece ter tido contato
com o mundo das invenções
ainda bem jovem. Quando tinha 5 anos, seu pai, um arquiteto, construiu para ele um videogame eletrônico porque a família não tinha condições de comprar um videogame Atari. O
aparelho rústico, que tinha as
suas partes eletrônicas expostas, era bastante instrutivo, disse Mistry. E isso porque toda
vez que ele encostava o dedo
em uma peça que não devia,
uma corrente elétrica o acertava bem em cheio.
Realidade aumentada
Em termos de tecnologia visual chamativa, Mistry não estava sozinho na TED India. Na
sexta-feira, Ramachandra Budihal, um pesquisador da Wipro Technologies, mostrou um
protótipo inicial de um sistema de realidade aumentada que transmite informações ao usuário por meio de um par de óculos adaptado que possui
uma câmera instalada nas lentes. Estas funcionavam por
meio de um mecanismo acondicionado na mochila que Budihal usou durante a sua apresentação.
Durante essa demonstração,
o pesquisador apresentou um
vídeo no qual a tecnologia era
usada durante um passeio pelas
ruínas de Karnataka Samrajya,
a antiga capital do Estado de
Karnataka, local onde fica Bangalore [o Vale do Silício da Índia]. Por meio do sistema, ele
conseguia ver no display informações sobre vários fatos relacionados às ruínas.
Tradução de FABIANO FLEURY DE SOUZA CAMPOS
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