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MEMÓRIA
Pai do videogame diz não jogar bem
CAIO BARRETTO BRISO
DA SUCURSAL DO RIO
Quando redigiu quatro páginas, em setembro de 1966, com
as ideias do que seria o primeiro videogame da história -o
Brown Box-, o engenheiro alemão Ralph Baer não imaginava
o que estaria por vir.
"Foi uma grande evolução
tecnológica que permitiu o desenvolvimento dos jogos que
existem hoje", disse Baer à Folha, no sábado, após uma palestra por Skype para cerca de 200
jovens durante a segunda edição da feira de jogos eletrônicos
Rio Game Show.
Com idades diversas, os participantes da palestra tinham
em comum a paixão por videogames -do Atari ao Nintendo
Wii- e a reverência ao alemão
de 87 anos, radicado nos Estados Unidos desde os 16, que é
considerado o pai dos games.
"Sem ele, não existiriam esses jogos maravilhosos. Nem
sei o que seria de mim se o Baer
não tivesse nascido", brinca o
estudante João Magalhães, de
15 anos, fã de jogos de guerra
para computador.
Baer diz que, "ao contrário do
que costumam pensar", nunca
jogou bem videogames. Hoje,
quando não está projetando algum brinquedo eletrônico,
itens para games ou dando palestras, ele até se arrisca a jogar
Nintendo Wii com os netos.
"Mas não adianta, eles ganham
todas", diz -o que é compreensível, já que alguns jogos do Wii
exigem resistência física que,
naturalmente, falta a um homem nascido em 1922.
Baer fala pouco. Ele diz que
seu jogo eletrônico predileto é
o arcaico Ping-pong -criado
pelo próprio para o Brown Box,
no fim dos anos 60. Apesar da
preferência pelo game mais antigo de todos, Baer considera o
Wii o melhor videogame já inventado: "Ele permitiu, mais do
que nenhum outro, transformar o jogador em personagem
do jogo. Ninguém poderia prever algo assim".
Para ele, os videogames não
provocaram uma revolução no
mundo. "Revolução, não, mas
sim uma evolução, assim como
tivemos a evolução do telégrafo, do cinema, da televisão, do
computador, do celular", diz.
Sobre a violência que marca
alguns jogos de hoje, o alemão
diz que "violência é sempre um
problema, mas que ela também
está em muitos filmes a que assistimos, tanto no cinema
quanto em nossas casas". E o
futuro dos games? Baer não
deixa pistas. Hoje, ele se permite ter o olhar mais voltado para
o passado. "Os videogames saíram da televisão e agora estão
até nos celulares. O que vem a
seguir ninguém sabe."
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