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comportamento
Apple apaga programas de cunho sexual
CONTRA A IMORALIDADE >> Cinco mil aplicativos para iPhone foram removidos, incluindo o de uma loja virtual de biquínis
RAFAEL CAPANEMA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em um aparente surto de puritanismo, na semana passada,
a Apple extirpou de uma só vez
5.000 programas com conteúdo supostamente sexual da App
Store, loja virtual de aplicativos
para iPhone e iPod touch.
"Chegamos a um ponto em
que estávamos recebendo reclamações de consumidores
como mulheres que consideravam que o conteúdo estava ficando degradante e questionável demais e pais que estavam
preocupados com o que seus filhos poderiam ver", afirmou
Philip Schiller, vice-presidente
de marketing de produtos da
Apple, em entrevista ao "New
York Times".
Nessa leva, porém, foram vitimados alguns aplicativos inofensivos, como o da loja de biquínis Simply Beach -rapidamente recolocado no ar depois
de descoberto o engano-, enquanto programas de marcas
consagradas, como os das revistas "Playboy" e "Sports Illustrated", sobreviveram ilesos à
sanha moralista da Apple.
"O fato de eles terem deixado
a "Playboy" e a "Sports Illustrated" no ar indica que essa ação
não só é hipócrita como é baseada mais em estratégia corporativa do que em qualquer
escrúpulo profundamente sentido ou reclamações reais de
consumidores", protestou
Liam Colins, da empresa de
pornografia móvel Pink Visual.
Ao "NYT", Schiller assim justificou a escolha da Apple de
manter os programas das publicações consagradas: "A diferença é que essa [Sports Illustrated] é uma empresa bastante conhecida, com materiais
publicados previamente e largamente disponíveis em um
formato bem aceito".
Por outro lado, muitas empresas menores foram bastante
afetadas, como a On the Go
Girls, que teve todos os seus 50
aplicativos de conteúdo sexual
removidos.
Depois de alterações, alguns
programas foram reaceitos na
loja. É o caso do Wobble, que
permite acrescentar a imagens
armazenadas no iPhone elementos esféricos que balançam
quando o aparelho é chacoalhado. O uso primordial do software é em imagens de seios femininos.
Apesar de o Wobble não vir
com nenhuma foto de nudez, o
desenvolvedor teve que remover a única imagem com alusões sexuais -a silhueta de
uma mulher nua-, substituindo-a pelo desenho de um inocente animalzinho, para que o
aplicativo voltasse à App Store.
A relação conflituosa da empresa de Steve Jobs com programas de "conteúdo questionável" no iPhone é antiga. Em
maio de 2009, por exemplo, o
aplicativo para leitura de livros
eletrônicos Eucalyptus foi impedido de entrar na App Store
porque poderia permitir o
acesso ao "Kama Sutra".
Brasil
Entre os 5.000 aplicativos
apagados estavam alguns brasileiros, como o Bella Club, que
traz fotos sensuais do site
BelladaSemana.com.br. Em
carta aberta à Apple, o executivo-chefe da empresa, Alexandre Peccin, comparou a atitude
à censura na China. "Esse fato
derruba a liberdade de expressão, bem como a liberdade sexual", escreveu Peccin.
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