São Paulo, quarta-feira, 03 de março de 2010

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comportamento

Apple apaga programas de cunho sexual

CONTRA A IMORALIDADE >> Cinco mil aplicativos para iPhone foram removidos, incluindo o de uma loja virtual de biquínis

RAFAEL CAPANEMA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em um aparente surto de puritanismo, na semana passada, a Apple extirpou de uma só vez 5.000 programas com conteúdo supostamente sexual da App Store, loja virtual de aplicativos para iPhone e iPod touch.
"Chegamos a um ponto em que estávamos recebendo reclamações de consumidores como mulheres que consideravam que o conteúdo estava ficando degradante e questionável demais e pais que estavam preocupados com o que seus filhos poderiam ver", afirmou Philip Schiller, vice-presidente de marketing de produtos da Apple, em entrevista ao "New York Times".
Nessa leva, porém, foram vitimados alguns aplicativos inofensivos, como o da loja de biquínis Simply Beach -rapidamente recolocado no ar depois de descoberto o engano-, enquanto programas de marcas consagradas, como os das revistas "Playboy" e "Sports Illustrated", sobreviveram ilesos à sanha moralista da Apple.
"O fato de eles terem deixado a "Playboy" e a "Sports Illustrated" no ar indica que essa ação não só é hipócrita como é baseada mais em estratégia corporativa do que em qualquer escrúpulo profundamente sentido ou reclamações reais de consumidores", protestou Liam Colins, da empresa de pornografia móvel Pink Visual.
Ao "NYT", Schiller assim justificou a escolha da Apple de manter os programas das publicações consagradas: "A diferença é que essa [Sports Illustrated] é uma empresa bastante conhecida, com materiais publicados previamente e largamente disponíveis em um formato bem aceito".
Por outro lado, muitas empresas menores foram bastante afetadas, como a On the Go Girls, que teve todos os seus 50 aplicativos de conteúdo sexual removidos.
Depois de alterações, alguns programas foram reaceitos na loja. É o caso do Wobble, que permite acrescentar a imagens armazenadas no iPhone elementos esféricos que balançam quando o aparelho é chacoalhado. O uso primordial do software é em imagens de seios femininos.
Apesar de o Wobble não vir com nenhuma foto de nudez, o desenvolvedor teve que remover a única imagem com alusões sexuais -a silhueta de uma mulher nua-, substituindo-a pelo desenho de um inocente animalzinho, para que o aplicativo voltasse à App Store.
A relação conflituosa da empresa de Steve Jobs com programas de "conteúdo questionável" no iPhone é antiga. Em maio de 2009, por exemplo, o aplicativo para leitura de livros eletrônicos Eucalyptus foi impedido de entrar na App Store porque poderia permitir o acesso ao "Kama Sutra".

Brasil
Entre os 5.000 aplicativos apagados estavam alguns brasileiros, como o Bella Club, que traz fotos sensuais do site BelladaSemana.com.br. Em carta aberta à Apple, o executivo-chefe da empresa, Alexandre Peccin, comparou a atitude à censura na China. "Esse fato derruba a liberdade de expressão, bem como a liberdade sexual", escreveu Peccin.


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