São Paulo, quarta-feira, 03 de maio de 2000


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UNIÃO DIGITAL
Cientistas desenvolvem programas que analisam usuário e buscam coisas ou pessoas compatíveis
Soft procura na rede parceiros ideais

Marcio Fernandes/Folha Imagem
A escritora Leticia Wierzchowski, 27, e o redator de publicidade Marcelo Pires, 37, que se conheceram pela Internet quando ela morava no Rio Grande do Sul e ele, em São Paulo


ANNE EISENBERG
do "The New York Times"

Os computadores agora participam de muitas das tarefas e diversões da vida. Será que você deveria permitir que eles procurem sua alma gêmea?
Nos AT&T Labs, em Nova Jersey, no Laboratório de Mídia do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e em outros centros de pesquisa, os cientistas desenvolveram programas de busca on line que podem ajudar os usuários a melhorar suas vidas pessoais ou profissionais.
Como um bom casamenteiro de carne e osso, cada um desses programas estuda seu usuário de perto. O software faz uma análise estatística dos interesses ou estilo de comunicação da pessoa e sai em busca de algo ou alguém que pareça compatível. A diferença é que esses casamenteiros virtuais fazem suas buscas na Internet.
Os programas de busca de compatibilidade são parte de um grupo de software personalizado que os cientistas chamam de robô, agente de software ou softbots. A primeira geração desses agentes oferecia às pessoas a chance de conhecer novos livros (como na Amazon.com), de marcar reuniões entre seis pessoas ocupadas, procurar o preço mais baixo entre os anunciados na web ou sugerir itens para compra.
A mais nova geração de agentes de software inclui robôs que estão preparados para fazer apresentações pessoais ou de negócios a fim de facilitar o percurso das pessoas que estão se aventurando no salão da Internet.
Não há versão virtual dos famosos salões de chá do final do século 18 e começo do 19. Mas o MIT tem o "Yenta" e o AT&T Labs, o "Cobot".
"Nós estamos tentando usar agentes de software consideravelmente diferentes dos anteriores", diz Michael Kearns, chefe do departamento de pesquisa de inteligência artificial no AT&T Labs e um dos responsáveis pelo desenvolvimento do "Cobot". "Em lugar de tarefas como coordenação de agendas, esses agentes de software sairão à procura de coisas, tomando muito mais a iniciativa, fazendo apresentações sociais, algo que a maioria das pessoas não acredita que seja uma boa tarefa para máquinas."
A idéia de agentes de software que se comunicam entre si na Internet e trocam endereços na web para que seus proprietários possam se encontrar parece mais ficção científica do que fato. Ainda que os criadores desses robôs os tenham projetado para manter privadas as informações particulares, a criação de redes com tantos agentes com certeza trará questões preocupantes de preservação da privacidade.
Um dos agentes de software, "Yenta", foi batizado com a palavra em iídiche que designa uma mulher fofoqueira.
O criador do "Yenta", Leonard Foner, diz: "Meu agente de software foi desenvolvido expressamente para demonstrar que é possível ter um sistema de busca de compatibilidade que proteja a privacidade. O "Yenta" é basicamente uma ferramenta para ajudar pessoas ocupadas a encontrar outras pessoas com quem tenham interesses comuns".
Foner desenvolveu o "Yenta" como seu projeto de doutorado no Media Lab do MIT, e é membro do grupo de agentes de software naquela instituição.
Ele criou o programa com aplicações comerciais e de pesquisa, e não românticas, em mente. "Suponha que você seja um pesquisador trabalhando sobre um determinado problema, sem nada publicado ainda, e que alguém mais esteja trabalhando na mesma questão", diz ele. "O seu "Yenta" e o "Yenta" dessa pessoa reuniriam os dois."


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