São Paulo, quarta-feira, 04 de março de 2009

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comportamento

Costura eletrônica

Alison Lewis une moda e informática em livro que ensina público leigo a produzir artesanato high-tech

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Um travesseiro que funciona como telefone. Uma bolsa que brilha quando o celular toca.
Um chapéu que esconde em bordados os controles de um iPod Shuffle. Não só esses artigos estão disponíveis, mas podem ser feitos por qualquer pessoa -mesmo quem fugia da aula de ciências e acha que "circuito fechado" é a rota de festas dos ricos e famosos.
É a promessa de Alison Lewis, autora de "Switch Craft: Battery-Powered Crafts to Make and Sew" (Switch Craft: artigos à bateria para fazer e costurar), lançado recentemente nos Estados Unidos.
O livro, com a colaboração da artista Fang-Yu Lin, reúne os dois amores de Lewis, moda e eletrônica, com a intenção de atrair uma plateia até hoje reticente ao mundo da tecnologia.
"Eu escrevi para quem nunca tocou em eletrônicos na vida" disse ela à Folha, por telefone, da Filadélfia. "Pensei em pessoas que costuram, como eu, ou fazem trabalhos manuais. Baseei os projetos em habilidades que elas já têm e no que podem fazer se superarem o medo."
O trabalho vai na onda de dois movimentos crescentes nos EUA: a personalização na moda e a eletrônica no estilo "faça você mesmo", cultuados em revistas especializadas e comunidades virtuais como a Craftster.org.
Sobre o tema, Lewis também mantém um blog (iheartswitch.com) e apresenta, na rede, o programa "Switch". A ideia é fugir dos estereótipos dos aficionados por eletrônica, assim como fez a própria autora: sem cara de nerd, a loira de 34 anos estudou arte e parece ser tão habilidosa na maquiagem quanto na fiação.
Com linguagem mais próxima da costura e ilustrações detalhadas dos 20 projetos sugeridos, as elocubrações do livro não exigem nenhum conhecimento em programação. E a autora diz que mesmo o leitor que nunca pregou um botão é capaz de fazer, por exemplo, a sacola para laptop que é a primeira a saber quando há Wi-Fi na área, com o apoio das seções com moldes para tecidos e noções básicas de eletrônica.
Mas há limitações para o uso de alguns projetos. Não é sempre que dá para sair de casa com uma saia perpassada por fios iluminados ou uma bolsinha que acende letras na face exterior ao ser aberta.
"Para ser sincera, nem sempre é uma boa ideia usar roupas com tecnologia. Ainda temos muitas barreiras tecnológicas, como a questão da bateria. É muito chato ter que carregar as roupas antes de usá-las."

Caminho da moda
Lewis diz que não é só o mundo do design de moda que está afastado da eletrônica: o contrário também é verdadeiro. "Há uma séria falta de comunicação. A mágica está na tecnologia, mas o design é fundamental."
Ainda assim, ela acredita que o futuro da moda está nesta fusão. "Para inovar nesta área hoje, é preciso pensar em termos de materiais tecnológicos, porque o resto já foi feito."
No futuro, afirma, a veia utilitária poderá falar mais forte, como em jaquetas que se aquecem quando a temperatura cai. Mas a estética também será contemplada, por exemplo, com tecidos que mudam de cor.


"Switch Craft: Battery-Powered Crafts to Make and Sew", por Alison Lewis e Fang-Yu Lin
Potter Craft, 2008
144 páginas
Sem tradução para o português
US$ 16,47 na Amazon


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